Por duas voltas, o GP da Malásia fez todo mundo esquecer o sono, levantar da arquibancada, do sofá, da cama, de onde estivesse.
Começou na 44ª, terminou na 46ª: um duelo lindíssimo entre Vettel e Webber.
Briga acirrada, no limite da segurança. Rodas separadas por milímetros. Carros lado a lado por curvas e curvas. Cena antológica, a melhor disputa dos últimos tempos da F-1.
Deu Vettel, que acabou ganhando a corrida. Mas isso tornou-se quase um detalhe.
Minha impressão é que a lembrança que as pessoas levarão desta corrida será a disputa entre os pilotos da Red Bull. Se você dormiu e não viu, dê um jeito de ver.
(Dica: o Sportv mostra o VT da corrida às 12h.)
Foi a 27ª vitória de Vettel, que assim empata com Stewart como o sexto piloto com mais vitórias na história da F-1.
A Webber, coube conformar-se com o segundo posto. Hamilton fechou o pódio.
A corrida foi boa, bem boa.
Choveu antes da largada, e todo mundo foi para a largada com os pneus intermediários.
Os primeiros metros foram intensos. Alonso saiu bem, mas tocou a traseira de Vettel na segunda curva e danificou a asa dianteira. Massa largou mal, tentou evitar toque e perdeu posições. Webber ficou na cola do espanhol. Raikkonen caiu de 10º para 13º.
O top 10 na primeira volta, Vettel, Alonso, Webber, Hamilton, Button, Massa, Rosberg, Pérez, Sutil e Hulkenberg.
Por pouco tempo. Porque, instantes após fechar os primeiros 5.543 m da corrida, Alonso viu a asa ir pro espaço. Foi pra brita, abandonou.
A pista foi secando, secando e, na quinta volta, Vettel foi o primeiro a entrar nos boxes e trocar os pneus. Optou pelos médios, os compostos mais macios à disposição no final de semana.
Massa entrou logo a seguir e fez a mesma opção.
Começou, então, o corre-corre nos boxes, com todo mundo entrando para trocar pneus.
O momento mais bizarro do GP veio então com Hamilton: ele entrou nos boxes da McLaren e levou alguns instantes até perceber o erro. Saudades?
Também merece nota a opção de Webber. Enquanto todo mundo lá na frente colocou os pneus médios, ele escolheu os duros.
Para ajudar, o australiano ainda voltou à frente de Vettel, que enfrentou tráfego.
Após esta primeira rodada de pits, o top 10 tinha Webber, Vettel, Hamilton, Rosberg, Button, Hulkenberg, Massa, Grosjean, Perez e Raikkonen.
Tudo dava certo para Webber. Mesmo com os pneus duros, ele conseguia tempos melhores do que Vettel. Na 19ª volta, tinha 2s1 sobre o companheiro.
Foi então que a Red Bull chamou o australiano para os boxes. Peraí… Ele tinha feito o primeiro pit duas voltas depois de Vettel, estava com os pneus mais duros e em ótimo ritmo de corrida. Parou por quê?
A resposta veio um pouco mais tarde…
Massa e Grosjean pararam na 21ª volta. O brasileiro optou pelos duros. Hamilton entrou na 22ª. Vettel entrou na 23ª e também colocou os pneus duros.
Então, veio a tal resposta.
Vettel começou a virar mais rápido do que Webber. Grudou no australiano. E, na 28ª volta, lançou pelo rádio: “Mark está muito lento. Tirem-no do meu caminho”.
A equipe retrucou: “Seja paciente, só estamos na metade da corrida”. Foi quase um “calma, meu filho, a gente já está resolvendo isso pra você”.
Na 30ª volta, Van der Garde abriu a terceira janela de pits. Bianchi e Hamilton pararam logo depois.
Webber entrou na 32ª. Vettel entrou na seguinte, mas a estratégia da Red Bull não deu certo. O alemão perdeu tempo nos boxes e voltou atrás do companheiro _e de Hamilton.
Na 35ª, Button entrou, fez sua parada, mas a equipe não apertou direito sua roda dianteira direita. Ele parou no pit lane e precisou ser resgatado pelos mecânicos para voltar à pista. Corrida destruída pro inglês.
Na 38ª, Vettel grudou em Hamilton, abriu a asa e passou no final da reta. Tomou o segundo lugar. Novamente, a luta ficou direta entre os pilotos da Red Bull.
Cinco voltas depois, Vettel entrou. Na volta seguinte, foi a vez de Webber.
Aconteceu, então, o grande momento.
Vettel veio voando pela reta, enquanto o australiano deixava os boxes.
Os dois se encontraram na primeira curva. E fizeram praticamente duas voltas lado a lado, separados por quase nada. Vettel tentava, Webber se defendia. Por pouco, por muito pouco, o toque não aconteceu.
Pelo rádio, a equipe pedia calma a Vettel.
Mais: pediu para que ele não arriscasse. Webber, por seu lado, reclamava da agressividade do companheiro.
Não teve jeito. Vettel ignorou as mensagens e resolveu no braço o que a estratégia da equipe não fez por ele: tomou a liderança.
Sensacional.
Logo depois, a Mercedes impediu outro lance parecido. Embora Rosberg se esforçasse para atacar Hamilton, a equipe pediu para que ele não tentasse. O alemão obedeceu, infelizmente.
Brawn saiu da Ferrari, mas a Ferrari não saiu dele.
O top 10 na linha de chegada: Vettel, Webber, Hamilton, Rosberg, Massa, Grosjean, Raikkonen, Hulkenberg, Pérez e Vergne.
Para não passar em branco: corrida muito apagada de Massa.
Com o resultado, Vettel passa para a liderança do campeonato, com 40 pontos. Raikkonen tem 31 e Webber, 26. Depois aparecem Hamilton (25), Massa (22) e Alonso (18).
No Mundial de Construtores, a Red Bull tem 66 pontos, contra 40 de Lotus e Ferrari.
As imagens da saleta antes do pódio deixaram evidente que o clima na Red Bull ficou pesado. Webber estava inconformado.
Mas isso é problema deles. Os torcedores agradecem o que viram.