O sábado foi um aperitivo. E já foi muito bom.
O prato principal veio hoje, o GP da Alemanha. Que foi ótimo, com acirradas brigas na pista, boas variações estratégicas, incertezas até o final.
Vitória de Vettel, a quarta no ano, a 30ª na carreira, a primeira diante de sua torcida.
Vettel comemora sua primeira vitória em casa (Luca Bruno/AP)
Ele fica a um triunfo de igualar Mansell e entrar para o top 5 histórico da F-1.
Raikkonen foi o segundo, com Grosjean em terceiro. Alonso foi o quarto.
Com o resultado, Vettel vai a 157 pontos e ganha um pequeno respiro no campeonato. Sua folga para Alonso subiu de 21 para 34 pontos _o espanhol tem agora 123. Raikkonen tem 116.
Na largada, Hamilton mal viu os carros da Red Bull.
Vettel veio pela direita, Webber atacou pela esquerda, e os dois contornaram a primeira curva à frente do inglês.
Raikkonen e Grosjean mantiveram suas posições. Massa ganhou a posição de Ricciardo e completou a primeira volta em sexto. Alonso ficou em oitavo mesmo. Logo atrás, Pérez passou Button e assumiu o nono lugar.
Ao fim da segunda volta, Vettel já tinha 0s9 sobre Webber, que abria 1s para Hamilton.
A boa corrida que Massa vinha fazendo durou quatro voltas. Ele rodou sozinho na curva 1, o motor apagou, baubau. Abandonou.
(Sei como é, já aconteceu comigo.)
Problema de câmbio, ao que tudo indica. Ele vinha relatando problemas para engatar algumas marchas. E a dinâmica do acidente indica isso mesmo: uma marcha mais baixa entrou, a traseira escapa. Não há como consertar.
Uma volta depois, Di Resta abriu a primeira janela de pits.
Ricciardo, Sutil, Van der Garde e Bianchi pararam na sexta. Hamilton entrou na seguinte. Vettel parou na oitava.
Na nona, Raikkonen e Webber pararam. E então um lance perigoso: quando o australiano deixava os boxes, a roda traseira direita de seu carro se soltou.
Estava mal colocada, e acertou em cheio as costas de um cinegrafista. Webber foi puxado de volta para seu boxes, colocou novos pneus, voltou pra pista. Mas com as chances de vitória já destruídas.
Na 13ª volta, Alonso parou e colocou novo jogo de pneus médios.
Na 14ª, Grosjean, que largou com os macios, foi para os boxes, e se tornou o grande beneficiado desta rodada de pits.
De duas, uma. Ou foi mais uma estratégia furada da Ferrari ou este carro é mesmo muito ruim com pneus macios.
Pensando bem, talvez sejam as duas coisas.
Rosberg entrou na 16ª. Hulkenberg, na 18ª.
Button, Maldonado e Bottas nem tinham parado ainda quando Ricciardo fez seu segundo pit stop programado.
Sim, o australiano fez dois pits em 19 voltas.
Button entrou apenas na 21ª volta, reestabelecendo a ordem “normal” à ponta do pelotão.
O top 10, então, Vettel, Grosjean, Raikkonen, Hamilton, Alonso, Button, Pérez, Hulkenberg, Sutil e Di Resta.
Alonso partiu para cima de Hamilton, que reclamava muito dos pneus traseiros. Tanto que entrou na 23ª volta, deixando o espanhol com ar livre à frente.
Instantes depois, um lance dos mais bizarros.
O motor de Bianchi estourou e ele encostou, com o carro pegando fogo. O guindaste chegou para levar o Marussia, mas algo escapou.
A próxima cena que vimos foi a de um carro sozinho, descendo o gramado, desgovernado.
Imaginem se fosse em Interlagos…
Safety car, e corre-corre para os boxes.
Vettel, Grosjean, Raikkonen, Alonso, Pérez, Sutil, Di Resta, Rosberg, Webber e Pic entraram. E o australiano se deu bem, porque pelo menos recuperou a volta perdida com a lambança da Red Bull.
O top 10 atrás do safety car, após tantas trocas de pneus: Vettel, Grosjean, Raikkonen, Alonso, Button, Hulkenberg, Hamilton, Maldonado, Pérez e Sutil.
A relargada veio só na 30ª volta.
Vettel manteve bem a posição, o que se seguiu mais atrás. Em outras palavras, ninguém ameaçou ninguém _à exceção de Webber, claro, que almoçou três em menos de uma volta.
Minha curiosidade então se voltou para a Lotus. Em Silverstone, a equipe já tinha lançado um “faster than you”, literal, para Grosjean. Aconteceria de novo?
A briga estava boa. Raikkonen cravou a então melhor volta do GP, na 32ª. Grosjean respondeu na 33ª. Raikkonen deu o troco na 34ª.
Neste embalo, os dois se aproximaram de Vettel, que sofreu com um problema no Kers e precisou resetar o sistema no volante.
Na 35ª volta, o trio formava um pelotão compacto, com 0s871 separando-os.
O ritmo dos três era alucinante. Uma linda disputa!
Sem conseguir tentar o bote, Grosjean foi para os boxes na 41ª volta. Vettel entrou na seguinte.
Raikkonen ganhou nove voltas para acelerar como um louco e tentar tomar a posição do companheiro.
Jogo de equipe? Deu pinta que sim. Mas sem chilique desta vez.
O finlandês chegou a Nurburgring como terceiro no Mundial, com 98 pontos. Grosjean em nono, com 26. A opção parece óbvia.
Enquanto Raikkonen acelerava forta lá na frente, Vettel tentava não perder contato. Seria fatal. Na 45ª volta, ultrapassou Hamilton após um acirrado duelo que durou cinco curvas.
Raikkonen e Alonso pararam na 50ª e colocaram os macios para as últimas 10 voltas do GP.
O “problema” para a Lotus é que Raikkonen voltou atrás de Grosjean _num domingo tão bom que chegou a ser irreconhecível. Alonso retornou em quarto.
Na liderança, Vettel tinha 1s5 de folga para o francês.
Pobre Grosjean. Com pneus médios, tinha atrás de si Raikkonen e Alonso babando, cravando sucessivamente a melhor volta do GP. Até que veio o rádio, na 52ª volta.
“Kimi tem pneus macios, não dificulte para ele.”
O francês obedeceu três voltas depois, a cinco do fim.
Tentando minimizar o prejuízo no campeonato, Alonso fez o que podia nas últimas voltas, mas não conseguiu superar Grosjean. Precisou se conformar com a quarta posição. E não conseguiu nem chegar aos boxes: parou logo após cruzar a bandeirada.
Fechando a zona de classificação, Hamilton foi o quinto, seguido por Button, Webber, Pérez, Rosberg e Hulkenberg.
(E a Mercedes, heim? Tem um carro imbatível em treinos classificatórios, mas que desaparece em corridas. Alguém precisa avisar lá que o que vale é o domingo. Enquanto isso, Vettel agradece…)