Pérez e Alonso, após o GP (Diego Azubel/Efe)
Não fui o único a achar que houve algo estranho na 50ª volta da corrida de Sepang. Muitos colegas no autódromo acharam o mesmo. Tanto que foram perguntar para Sauber. O suíço, claro, negou. “Dissemos para ele tomar cuidado porque, atrás de nós, todos os nossos adversários estavam marcando pontos”, disse. Questionado diretamente se houve marmelada, foi veemente: “Nada, 100% nada. Não houve nenhuma discussão sobre Checo ou sobre sua posição”;
Quando eu era estudante de jornalismo e trabalhava como rádio-escuta na Rádio Trianon, levei um esporro homérico de Fernando Vieira de Mello, diretor da emissora e um dos maiores jornalistas da história deste país. Depois de fazer um comentário inocente sobre uma notícia qualquer, ouvi do seu Fernando, aos berros e com direito a tapas na mesa: “Garoto, você tem que fazer uma escolha: ou você é ingênuo ou é jornalista! Ou você é ingênuo ou você é jornalista! Escolhe agora!” Bom, eu fiquei com a segunda opção;
Para esclarecer minha posição: quando falo em cheiro de marmelada, não me refiro à escapada do Pérez. Sim, na história já teve até quem batesse de propósito para ajudar o companheiro. Mas não acho que foi o caso. Vamos à sequência dos fatos. 1) Pérez se aproxima de Alonso; 2) O engenheiro da Sauber entra no rádio e diz: ““Checo, tome cuidado. Precisamos dessa posição”; 3) Pérez levanta o pé. Para mim, a suspeita termina aí. Porque a disputa terminou aí. Ele já não tentaria passar Alonso. O que veio depois, a escapada, pode ter sido resultado da perda de concentração. Quando um sujeito passa voltas e voltas acelerando no limite e de repente é instado a diminuir o ritmo, é fácil perder o foco. Acho que tudo isso forma um cenário bem razoável para a hipótese de marmelada diante do poder que a Ferrari tem sobre a Sauber, das ligações de Pérez com a escuderia italiana e da histórica falta de escrúpulos dos engenheiros de Maranello com ordens de equipe;
Lembram quando Ecclestone defendeu Massa na Ferrari dizendo que não havia nenhum piloto no mercado melhor do que ele? Agora tem;
Domenicali saiu em defesa de Massa. “Precisamos estar ao lado dele. É um momento difícil e precisamos achar um jeito de aumentar a confiança dele com o carro”, declarou. “Na minha opinião, o problema é que este é um carro difícil. Ele pode ser muito bom, mas pode ser muito complicado. A prioridade para mim é que Felipe tenha ao seu redor uma equipe que trabalhe duro com ele.” É, pode ser. Mas esse tipo de declaração soa cada vez mais como “a última chance”;
E Massa nisso tudo? Questionado sobre Pérez, lançou: “Estou feliz por ele e por sua equipe. O quanto isso me incomoda? Zero. Estou focado em mim, na minha pilotagem, no meu trabalho”;
“Foi bom demais!”, resumiu Bruno. Foi mesmo. Está de parabéns;
Falando em Williams, um movimento surpreendente nesta segunda-feira: Adam Parr, chefe da equipe, anunciou que está deixando Grove. Ele estava por lá desde 2006 e era considerado pelo próprio Frank Williams seu sucessor natural. No comunicado oficial, não há pistas sobre o destino de Parr.
O problema da Red Bull está no diálogo com os pneus. Horner disse que o time vai usar essas três semanas de intervalo até a China para tentar entender melhor o funcionamento dos novos Pirelli. Acontece com as melhores equipes;
Barrichello disse que o maior desafio na estreia foi entender o duelo estratégico da Indy. “Passei bastante gente, mas nos perdemos na estratégia”, escreveu, no Twitter. Resta saber quanto tempo levará essa adaptação;
Na Stock, tudo igual. Deu Cacá. Normal. Ele sobra por lá.