Lembram quando eu disse, dois GPs atrás, que Alonso tinha colocado uma mão na taça?
Pois bem. Tirou-a hoje.
Lembram quando eu disse que um de seus trunfos era a indefinição sobre o piloto que o perseguiria no campeonato?
Então… Vettel firmou-se na posição.
Massa e Vettel no pódio de Suzuka (Issei Kato/Reuters)
O alemão venceu o GP do Japão, 15ª etapa do Mundial. E Alonso abandonou a prova ainda na primeira curva.
Resultado: a vantagem do espanhol na tabela, que era de 29 pontos, despencou para apenas 4. E faltam cinco etapas para o fim do ano.
É, Alonso… Este finalzinho de ano vai ser mais tenso do que você imaginava.
Massa foi o segundo colocado, seu primeiro pódio em quase dois anos. Merecido: driblou muito bem as confusões na largada, fez uma bela prova, tirou um peso dos ombros.
Kobayashi completou o pódio, para festa dos 103 mil japoneses nas arquibancadas. Foi o segundo pódio de um japonês em casa, igualando o feito de Aguri Suzuki em 1990.
Um resultado impactante para o campeonato, mas numa corrida que, convenhamos, não foi das mais emocionantes.
Foi um domingo bonito em Suzuka. Clima ameno, 23ºC no ar, 32ºC no asfalto.
A largada começou tranquila, parecia que tudo iria bem… Mas logo teve confusão.
Alonso dividiu a primeira curva com Raikkonen e, num lance normal, eles se tocaram. Pior para o espanhol, que teve o pneu traseiro esquerdo furado, rodou, abandonou.
Repito: foi um lance normal. Mas talvez tenha sido pouco inteligente por parte do Alonso. Exagerou um pouco na dose e viu suas chances de título diminuirem drasticamente.
E houve mais confusão, com Grosjean tocando Webber e um enrosco entre Bruno e Rosberg. O alemão abandonou a prova, o francês acabou punido com um stop and go… E o safety car foi acionado.
O top 10 na primeira volta, Vettel, Kobayashi, Button, Massa, Raikkonen, Pérez, Hamilton, Hulkenberg, Maldonado e Ricciardo.
Webber, Bruno e Grosjean passaram pelos boxes. Os dois últimos, para trocar o bico.
A relargada veio já na terceira volta. E Vettel tratou de acelerar, sem dar chances para o azar.
Na décima volta, o alemão já tinha 6s2 sobre Kobayashi. O top 10 permanecia idêntico. Nada de ultrapassagens.
Na 14ª volta, Hulkenberg, Raikkonen e Button abriram os pits. Colocaram pneus duros. Uma volta depois, Kobayashi fez o mesmo. Na 16ª, Pérez parou. Na seguinte, Hamilton, Maldonado e Bruno entraram.
Massa e Vettel entraram na 18ª. E o brasileiro se deu bem: ganhou a posição de Kobayashi e se estabeleceu em segundo lugar.
Na 19ª volta, Pérez aprontou. Quis passar Hamilton, por fora, no hairpin. Pois é, só isso. Perdeu a traseira do carro, rodou, foi parar na brita, abandonou o GP.
(Imagino que o inglês, dentro do capacete, tenha deixado escapar um risinho…)
Ah, sim: lembra daquele enrosco entre Bruno e Rosberg na largada? Pois só na 22ª volta veio uma punição ao brasileiro: drive-through.
Lá na frente, Massa ia bem, mas Vettel seguia em voo de cruzeiro. Na 25ª volta, a diferença entre os dois era de 10s1. Kobayashi era o terceiro, seguido por Button.
Depois, fechando o top 10, Raikkonen, Hamilton, Hulkenberg, Maldonado, Webber e Ricciardo.
Na 27ª volta, Webber abriu a segunda janela de pits. Quatro voltas depois, Raikkonen entrou. Na 32ª, pararam Kobayashi, Hamilton e Hulkenberg _na saída, o inglês dividiu a primeira curva com Raikkonen e, numa manobra ousada, colocou-se à frente.
E os pits continuavam… Di Resta parou na 33ª. Maldonado, na 34ª. Ricciardo e Bruno, na 35ª. Button, na 36ª.
(Bocejei, admito.)
Massa entrou na 37ª e voltou na segunda posição. Vettel parou na volta seguinte e, claro, manteve a ponta.
E assim foi, até o final.
Na linha de chegada, o alemão colocou 20s6 em Massa. Kobayashi cruzou a 3s8 do brasileiro, levando o público ao delírio.
Fechando a zona de pontos da etapa japonesa, Button, Hamilton, Raikkonen, Hulkenberg, Maldonado, Webber e Ricciardo.
Foi a 24ª de Vettel, que assim supera Piquet e iguala um mito: Fangio. E com direito a pole, melhor volta e liderança de ponta a ponta. Um “grand chelem”.
Na tabela, Alonso mantém seus 194 pontos, mas Vettel tem agora 190. Depois aparecem Raikkonen, com 157, e Hamilton, com 152. Massa foi a 69, na nona colocação. No Mundial de Construtores, a Red Bull tem 324, contra 283 de McLaren e 263 da Ferrari.
Ainda com a prova acontecendo, Alonso tentou minimizar o efeito do seu abandono: “Para o Mundial, não muda nada. É como se fosse um campeonato curto, de cinco GPs. Basta fazer um ponto a mais que todos os outros”.
Tá bom, Alonso… Disfarçou bem a preocupação…