Um dia de muito trabalho na Espanha, com apenas uma interrupção dos treinos. O motivo, pane seca no McLaren de Button, algo comum em testes.
E coube a Massa registrar o primeiro tempo abaixo do 1min18s nesta pré-temporada em Jerez. O brasileiro cravou 1min17s879 logo pela manhã e não foi superado por ninguém.
Impressionou ainda a rodagem do carro da Mercedes: Rosberg completou 148 voltas. A equipe corre atrás do tempo perdido com os problemas nos dois primeiros dias.
Por fim, o dia registrou as estreias de Vettel e Raikkonen em 2013.
Aos tempos:
1º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), 1min17s879 (49 voltas)
2º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 0s887 (148)
3º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 1s173 (102)
4º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), a 1s321 (40)
5º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), a 1s368 (85)
6º. James Rossiter (ING/Force India-Mercedes), a 1s424 (42)
7º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 1s724 (83)
8º. Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber-Ferrari), a 2s055 (110)
9º. Max Chilton (ING/Marussia-Cosworth), a 3s390 (78)
10º. Valtteri Botas(FIN/Williams-Renault), a 3s696 (86)
11º. Charles Pic (FRA/Caterham-Renault) a 4s473 (57)
12º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 5s850 (7)
Começo de teste é assim mesmo: problemas, quebras, escapadas, alguns lances esquisitos. Teste é pra testar, afinal. Se os carros estivessem prontos, não seria necessário experimentar nada.
Assim foi a terça-feira em Jerez. Button enfrentou problemas com a bomba de combustível, ficou um bom tempo parado, mas à tarde voltou pra pista e cravou o melhor tempo.
Webber, que liderava, ficou com o segundo lugar, seguido por Grosjean.
Di Resta, que fechou a manhã na ponta, terminou em quarto. Massa, único brasileiro na pista espanhola, foi o sexto.
(Aliás, sobre Massa ter a primazia de testar, não vi na Espanha os chiliques que aconteceriam aqui se a preferência fosse dada ao espanhol…)
A Mercedes também teve problemas. Um problema elétrico provocou labaredas na flecha de prata pilotada por Rosberg. E Chilton teve uma estreia com o pé esquerdo: escapou na curva Dry Sack e causou sérios estragos no novo Marussia. Diz a equipe que foi um problema na suspensão.
Sem conclusões, por favor. Aliás, como todos os anos, só darei meus palpites ao final da última bateria de testes. Por enquanto, ninguém sabe o que o outro está testando.
Mas que é bom ver carro na pista, isso é…
Massa, nesta terça, em Jerez (Cristina Quicler/AFP)
Aos tempos:
1º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), 1min18s861 (37 voltas)
2º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 0s848 (73)
3º. Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), a 0s935 (54)
4º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1s482 (89)
5º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), a 1s540 (70)
6º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1s675 (64)
7º. Nico Hulkenberg (ALE/Sauber-Ferrari), a 1s838 (79)
8º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1s985 (11)
9º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), a 2s003 (84)
10º. Giedo van der Garde (HOL/Caterham-Renault) a 3s054 (64)
11º. Max Chilton (ING/Marussia-Cosworth), a 5s315 (29)
O penúltimo Pit Stop do ano fala bastante sobre os bastidores da F-1 e sobre Massa, alvo de comentários negativos e positivos nos últimos dias. A conclusão: ele precisa aproveitar as férias para zerar tudo, e começar 2013 realmente com o espírito renovado.
Nesta F-1 cheia de assessores de imprensa, marqueteiros, press releases, monitoramento de redes sociais e patrulhamento da FIA sobre o que os pilotos falam no pódio, é raro ver manifestação espontânea de alguém.
Massa rompeu esse enfadonho bloqueio duas vezes, recentemente. Pode/deve até ter levado puxões de orelhas. Que não se abale por isso.
O primeiro foi o choro em Interlagos. Um choro sentido, doído. Um choro de nítido desabafo após uma temporada em que foi tão mal e em que teve de ceder posições para o companheiro nos poucos momentos em que esteve bem.
Ato contínuo, ainda diante do público, disse a Piquet que a “corrida podia ter acabado de forma diferente” e que “nas circunstâncias normais, talvez pudesse lutar pela vitória”. Recados à torcida, mas que obviamente resvalam na Ferrari.
O segundo momento aconteceu na semana passada, no “Bem, Amigos!”, do SporTV. Questionado sobre a “era alemã” na F-1, com oito títulos nas últimas 13 temporadas e cinco pilotos no grid em 2012, bateu forte contra a pasmaceira dos que comandam o automobilismo no Brasil.
E falou não só como piloto, mas principalmente na posição de quem tentou emplacar uma categoria-escola no país e se deu mal. Após duas temporadas, a F-Futuro encerrou as atividades em abril, por falta de pilotos. Fazer automobilismo de base no Brasil ficou muito caro, e a família Massa chegou ao limite de colocar a mão no bolso.
A CBA? Não se mexeu.
“A Alemanha ajudou na formação de novos pilotos, o que não acontece no nosso país faz tempo.”
Galvão Bueno pegou o gancho e contou de um papo que ele e Massa tiveram com um dirigente da Federação Francesa de Automobilismo.
A FFSA criou um programa para levar pilotos para a F-1. Começa com mil kartistas, que passam por uma peneira e viram cinco. Eles são bancados na F-Renault e, desses, um é selecionado para avançar até o topo, ajudado por parcerias da federação. “Fe-de-ra-ção”, pontuou Massa, mandando, desta vez, um recado para a CBA.
Franceses e alemães tiveram momentos sem pilotos na F-1 e se mexeram. O Brasil caminha para o mesmo problema, mas sem perspectivas de solução semelhante.
Nas duas ocasiões em que saiu do protocolo, o principal piloto do Brasil falou bem. Deveria falar mais.
Livraria
Tem livro bom nas estantes virtuais. “Fórmula 1 em Interlagos — Volume 1”, de Marc Zimmermann, com fotos da prestigiosa agência Sutton.
Outro sinal da decadência da coisa por aqui, foi publicado por uma editora alemã, a BoD, apesar de ser escrito em português. Custa R$ 59 e pode ser encomendado pelo e-mail interlagos@mandic.com.br.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)
Como se não bastasse ser tricampeão aos 25 anos, Vettel mostrou um baita conhecimento da história. Ontem ele contou um causo divertido que aconteceu assim que ele cruzou a linha de chegada. “O Christian veio no rádio e mencionou os nomes dos pilotos que conquistaram três títulos… E ele esqueceu do Prost! Ele começou com o Michael, depois falou de Senna, Lauda, Piquet… E então começou um barulho e eu comecei a gritar que ele esqueceu do Prost, que ganhou quatro vezes”. É, este é um garoto especial. No esporte, talento até gera conquistas. Mas para ser verdadeiramente grande, é preciso também ter inteligência. E Vettel une as duas coisas;
Três títulos seguidos aos 25 anos? Acho que este é um recorde que ficará eternizado, sem figura de linguagem;
Ainda sobre Vettel, questionado sobre as chances de algum dia igualar as marcas de Schumacher: “Non sense”. Não, não é. Se nada de errado acontecer, o alemãozinho tem no mínimo mais uns 12 anos de F-1 pela frente. Mesmo se diminuir o ritmo das conquistas, dá pra fazer muita coisa;
Alonso classificou esta temporada de “a melhor da carreira”. E foi mesmo. Se lembrarmos da porcaria que era o carro da Ferrari no começo do ano… Para o caso do espanhol, vale aquele chavão do esporte: ele não perdeu o campeonato, foi Vettel quem ganhou;
Não deu para ficar indiferente à emoção de Massa no pódio e nas entrevistas pós-corrida. Não é que ele chorou. Ele chorou muito. Um choro de desabafo, de peso que escorre dos ombros, de fim de uma temporada de tantas dificuldades e tantos sapos engolidos. Massa vomitou alguns ontem. Ao dizer no pódio, por exemplo, que deveria ter colhido um resultado melhor na prova. Deveria mesmo. Nos últimos dois finais de semana de F-1 do ano, Massa foi melhor que Alonso;
Bruno derrapou nas declarações pós-GP ontem: “Quando se está na briga pelo campeonato, é preciso tomar mais cuidado ao andar no meio do pelotão”. Um recado para Vettel, que, segundo ele, “estava por fora e veio para dentro com tudo”. Vi algumas vezes o replay. E não entendi assim. Bruno acertou o alemão;
Falando em Bruno, as próximas semanas serão de negociação intensa. Em Interlagos, já houve jornalista que cravasse o acerto de Bottas com a Williams. Não sei, não tenho essa informação e não vou chutar. Mas acho que não vai demorar muito para vir uma notícia sobre o futuro do brasileiro;
Saber perder é uma tarefa difícil. Sei como é… Julia, minha filha, fica louca da vida quando perde em algum jogo. Chora, esperneia, tenta mudar a situação. A Ferrari é parecida. “Estamos orgulhosos de Alonso. Ele é o piloto que realmente merecia este título”, disse Domenicali ontem. A Julia tem 5 anos, espero que ela aprenda. Quanto à Ferrari, é caso perdido;
Raikkonen foi o único piloto da temporada a terminar todos os GPs. E só não marcou pontos em um, Xangai, quando ainda estava se adaptando nesse retorno à F-1. É um pilotaço, e embora não vá comemorar o terceiro lugar, merece aplausos pelo que fez neste ano;
Uma das cenas bizarras da corrida foi o finlandês pegando um trecho da pista auxiliar, ali na Junção. E a explicação dele é sensacional: “Eu fiz aquilo em 2001, e o portão ali estava aberto. Desta vez, alguém fechou. No ano que vem, vou me certificar de que estará aberto”;
Hulkenberg é um baita piloto, estranhamente subvalorizado pela categoria;
Uma quinta-feira quente em Interlagos, 25ºC no ar, 47ºC na pista.
O circuito está assim…
Tirando isso, um bom papo com Massa. E por bom papo, quero deixar claro que falamos de trocentos assuntos, menos de F-1. Primeiro, porque não adiantaria: a Ferrari vetaria, seria um constrangimento desnecessário, sabemos como a banda toca. Segundo porque nem só de F-1 é feito o mundo, mesmo num autódromo, mesmo num final de semana de corrida.
Mas é legal ver que um cara que tanto critiquei neste ano não leva as coisas para o lado pessoal. Sim, ataquei algumas de suas atitudes profissionais e não me arrependo. Mas isso não quer dizer desrespeito à pessoa. Ele é um garoto legal e entende isso.
E acreditem: saber separar as coisas deste jeito é de um profissionalismo raríssimo no esporte. Poucos, muito poucos conseguem.
Foi a melhor corrida do ano ou ainda estamos sob o impacto do que aconteceu ontem? Os GPs de Valencia, da China e do Canadá também foram ótimos, mas parece que muita gente esquece rápido do que passou. Enfim, é sintomático que essa discussão exista, sinal da bela temporada a que estamos assistindo. Abu Dhabi foi um GP memorável;
22ª volta
Engenheiro: “Ok, Kimi, o carro imediatamente atrás de você é Alonso, 5 segundos atrás de você. Eu te manterei informado sobre a distância, eu te manterei informado sobre o ritmo.”
Raikkonen: “Não me encha o saco. Eu sei o que fazer.”
41ª volta
Engenheiro: “Ok, Kimi, continue aquecendo os quatro pneus.”
Raikkonen: “Sim, sim, sim, estou fazendo isso o tempo todo. Você não precisa ficar me lembrando toda hora.”
*
As respostas de Raikkonen pelo rádio foram um dos pontos altos da prova e, enquanto a FOM deixar, estão no Youtube…
Entram para a antologia pessoal do finlandês, ao lado da cena do picolé no GP da Malásia de 2009 e da resposta a Brundle no grid de Interlagos em 2006. Além de um baita piloto, o cara é uma figuraça. Ainda bem que voltou;
(Quando alguém vai fazer uma camiseta com a foto de Kimi e a frase: “I know what I’m doing”?);
Segundo Boullier, chefe da Lotus, o segredo para trabalhar com Raikkonen é justamente deixá-lo a vontade para trabalhar. Não perturbá-lo com detalhes insignificantes, compromissos com patrocinadores e mimimis em geral. Escrevi isso outro dia e repito hoje: não entendo como nenhuma equipe grande puxou o finlandês para 2013;
Outra da série “coisas inexplicáveis”: Kobayashi ainda sem vaga para o ano que vem. Ontem o japonês largou em 15º e terminou em 6º;
Hamilton, sobre Vettel: “A escalada dele foi incrível. Ele deve ser o piloto mais sortudo da F-1”. Dor de cotovelo pouca é bobagem;
Bruno: “Apanhei bastante neste final de semana. Cheguei na corrida com certo cansaço. Mas automobilismo é assim, tem que continuar lutando sempre, não desistir, e hoje valeu.” Ele largou em 14º e viu cinco pilotos à sua frente abandonarem. Terminou em oitavo. Ou seja, não foi nenhuma fantástica exibição de pilotagem, mas sempre ressalto que ficar na pista numa prova tão acidentada é, também, um mérito. Mas foi para o vinagre a ideia de terminar o ano à frente de Maldonado na classificação. Embora pontuando em mais provas que o venezuelano (9×4), foi o companheiro que conseguiu os dois melhores resultados do time no ano: a vitória na Espanha e a quinta posição ontem;
Ainda Bruno: independentemente da notificação de sua saída da Williams, gente que trabalha com ele ainda tenta assegurar a vaga na equipe para 2013. Executivos da P&G (Gillette), sua patrocinadora, estiveram em Abu Dhabi no final de semana e conversaram com a Williams. E não foi um papo de despedida;
Sobre Massa, largou em oitavo e terminou em sétimo. Tivesse chegado entre Alonso e Vettel, seria festejado. Não foi caso;
Kubica vai disputar duas provas importantes até o fim do ano, ao volante de um Citroen C4 WRC: o Rali de Como e o Rali du Var. Ou seja, ele não está morto ou incapacitado como muita gente acreditava. Vamos ficar de olho.
A Lotus renovou com Raikkonen por mais uma temporada. Era a lógica, apesar dos rumores sobre o mau momento financeiro do grupo. O que não entendo é nenhuma equipe maior ter feito proposta pelo finlandês, um dos grandes talentos da atualidade. O anúncio da renovação foi feito de forma diferente, por vídeo…
No sábado, Alonso cutucou Vettel ao dizer que seu grande rival no campeonato era Newey. Uma clara deselegância. Ontem, o alemão se vingou, com classe: “Não é só um fator que faz diferença”. Tomou, Alonso?
Besteiras à parte _e todos falamos algumas de vez em quando_, Alonso fez uma pilotagem magistral na Índia. Saindo em quinto, superou as duas McLaren e a Red Bull de Webber. Foi ao limite do possível, portanto. Por essas e outras é que o considero o melhor da atualidade _e isso não é demérito para craques como Vettel, Hamilton e Raikkonen;
Momento estatístico: na história da F-1, sempre que um piloto venceu quatro GPs consecutivos numa temporada, terminou o ano como campeão. Não por coincidência, a última vez que isso aconteceu foi em 2009, com Button;
Mais uma estatística, esta um oferecimento do leitor Gustavo Vazquez. No quadro abaixo, estão as chances de título após o GP da Índia…
O comentário do Gustavo no blog dele: “Em metade dos cenários Vettel será campeão. A chance de Alonso ainda é alta: 2 em 5. Alonso precisa tirar 4,23 pontos por corrida de Vettel, o que _na teoria_ não é tanto. Raikkonen e Webber precisariam ganhar todas sem Vettel marcar mais nenhum ponto _em suma, muito provável que saiam da disputa no próximo GP”;
Guardadas as devidas proporções, Bruno foi outro que fez uma bela corrida. Numa prova com poucos abandonos, largou em 13º e terminou em 10º. Voltou a pontuar. Não, ele não deve terminar o Mundial à frente do Maldonado, como cheguei a acreditar. Embora mais regular que o venezuelano, suas últimas três provas anteriores foram muito ruins. Mas é correto dizer que ele já entra para aquela turma de pilotos competentes e que merecem ficar no ano que vem, como Di Resta, Hulkenberg e Kobayashi;
Massa: “Foi um susto. Logo no começo, já tive a informação de que teria de salvar combustível, então durante a maior parte da prova, tive de poupar gasolina sempre com um carro próximo de mim [Raikkonen]. Então a corrida foi bem difícil e sofrida do início ao fim”. Saiu em sexto, terminou em sexto, está de bom tamanho. Mas, mais uma vez, ele falhou na tarefa de tentar roubar pontos da Red Bull;
Em Abu Dhabi, a Red Bull deve garantir o tri no Mundial de Construtores. Hoje, a equipe tem 91 pontos sobre a Ferrari. Pode perder cinco pontos dessa vantagem no próximo domingo que ainda assim garante matematicamente a taça;
Schumacher teve um final de semana para esquecer, mas pelo menos sai com um belo consolo: segundo o “Bild”, a Mercedes vai dar a ele o carro com que ele disputou esta sua última (mesmo) temporada na F-1. É um belo item de decoração para uma casa, digamos;
Passou batido aqui no blog nos últimos dias, mas nunca é tarde para comemorar: Paul Ricard deve voltar à F-1 em 2013, na vaga do GP de Nova Jersey. Seria sensacional;
Em Phillip Island, Pedrosa caiu na segunda volta, quando liderava. Não quebrou nenhum osso desta vez, mas foi uma queda das mais doloridas: com seu abandono, Lorenzo, segundo colocado na prova, conquistou o bicampeonato. Merecido. Ele foi mesmo o melhor piloto do ano na MotoGP. Outra festa legal foi a de Stoner, vencendo sua prova de casa pelo sexto ano seguido, a duas semanas de pendurar o capacete. Uma das grandes personalidades da moto, ele vai fazer falta.