A F-1 tem um novo tricampeão. Ele é alemão, tem 25 anos, cara de moleque, está há apenas sete anos na categoria. E pilota muito.
A comemoração do tri em Interlagos (Nelson Almeida/AFP)
Um certo Sebastian Vettel.
O sexto lugar bastou ao piloto da Red Bull. Porque Alonso foi segundo.
A vitória ficou com Button. Massa completou o pódio.
E a corrida foi das mais malucas dos últimos tempos. Interlagos é mesmo sensacional.
A largada… Putz, como descrever a largada?
Massa foi bem, veio passando todo mundo por fora, pulou pra segundo.
Vettel perdeu posições, foi parar no pelotão no meio e, na Reta Oposta, levou um totó de Bruno, que se engalfinhava com Pérez. O alemão rodou, levando a torcida espanhola em Interlagos à loucura.
Brasileiro e mexicano abandonaram, Vettel ficou na pista.
“Não há nada que possamos fazer. Continue aí”, disse o engenheiro ao ainda bicampeão.
Lá na frente, a turma fechava a primeira volta e Alonso respirava fundo para passar Webber e Massa antes do S.
A chuva ia apertando, apertando. E as confusões iam se sucedendo. Alonso deu um belo passeio pela nova área de escape do S, Webber rodou, Grosjean bateu…
Vettel? Acelerava feito um louco, escalando posições.
Na oitava volta, Button passou Hamilton e assumiu a liderança.
Na décima volta, o top 10 tinha Button, Hamilton, Hulkenberg, Alonso, Massa, Vettel, Di Resta, Vergne, Kovalainen e Glock.
Começou, então, um corre-corre pros boxes, com alguns pilotos arriscando os pneus intermediários _entre eles, os duelistas pelo Mundial. Os tempos de volta, porém, mostravam que o mais indicado era manter os slicks.
Vettel saiu exatamente atrás de Webber, e o australiano facilitou para o colega. “Obrigado, Mark”, disse o engenheiro pelo rádio, jogando por terra o pretenso repúdio da Red Bull ao jogo de equipe.
Na 15ª volta, a Ferrari chamou Massa para colocar os intermediários.
Na 16ª, Vettel chegou em Alonso. Quarto e quinto. Começou um jogo de marcação.
Enquanto os dois se marcavam, Hulkenberg acelerava. Passou Button na 18ª volta, assumindo a liderança da corrida. Sim, você leu certo: Hulkenberg líder.
A pista mudou de novo, ficou mais para os secos. Alonso e Vettel pararam e trocaram. E Massa, que tinha colocado os intermediários quatro volta antes, teve de voltar aos boxes para novos slicks. Ê, Ferrari…
Na 21ª, Rosberg surgiu com o pneu direito traseiro furado. Culpa de algum detrito. Na 22ª, Alonso fez um alerta de perigo pelo rádio. Na 23ª, veio o safety car.
Hulkenberg e Button aproveitaram a deixa e pararam para pneus duros.
(Ufa, deu pra respirar um pouco aqui. Vou ali buscar um café…)
(Voltei.)
O safety car só deixou a pista na 29ª volta.
O top 10 na relargada, Hulkenberg, Button, Hamilton, Alonso, Vettel, Kobayashi, Webber, Di Resta, Ricciardo e Raikkonen. Massa era o 11º.
Mais agito. Webber escapou no S, Kobayashi deixou Vettel pra trás. E Hamilton passou Button.
Na 32ª, Koba, o mito, deixou Alonso para trás. Na seguinte, o espanhol deu o troco, retomando a quarta posição. Na 34ª, Massa chegou em Vettel, que não dificultou: o brasileiro pulou para sexto. Duas voltas depois, foi a vez de o brasileiro jantar o japonês e assumir o quinto lugar.
Metade da corrida, e a agonia de Alonso para chegar ao pódio _sua única chance de título_ só aumentava. O problema era combinar com os russos (ou com o alemão e os dois ingleses à sua frente).
Ele não conseguia se aproximar. Pior: só se distanciava de Button. Na 39ª volta, a diferença entre os dois era de 3s6. Na 40ª, de 4s. Na 41ª, de 4s3. Na 42ª, de 4s6…
Já Vettel se mantinha em sétimo. Não, não era a situação ideal, mas era suficiente para o tricampeonato.
Na 48ª, Hulkenberg jogou a possível vitória pro espaço. Colocou a roda na tinta branca, úmida e rodou. Segurou bem o carro, é verdade, mas perdeu a liderança para Hamilton.
O top 10, então: Hamilton, Hulkenberg, Button, Alonso, Massa, Kobayashi, Vettel, Webber, Ricciardo e Raikkonen.
Na 53ª, a Red Bull tomou uma decisão corajosa e chamou Vettel para os médios. De sétimo, ele caiu para décimo.
Duas voltas depois, o lance capital da corrida. Hulkenberg mergulhou no S, por dentro, para passar Hamilton. Escorregou, perdeu a traseira e acertou o inglês, que abandonou. Simultaneamente, a Red Bull chamava Vettel para intermediários _sim, apenas três voltas após colocar os slicks.
A FIA acertadamente decidiu punir Hulkenberg com um drive through.
Button era o líder, Massa subiu para segundo, com Alonso em terceiro. Vettel, em sétimo, continuava segurando o caneco.
A nove voltas para o fim, a Ferrari acionou o rádio. Massa cedeu posição para Alonso. (Favor que o espanhol poderia ter devolvido no final, porque inócuo. Mas talvez eu seja muito romântico…)
A seis, foi a vez de Schumacher fazer uma gentileza: não dificultou a ultrapassagem do compatriota, que pulou para sexto.
Todo mundo fazia conta, Alonso dependia de uma quebra de Button ou de Vettel, mas, então… O anticlímax! Na penúltima volta, Di Resta acertou o muro na Curva do Café, exigindo a entrada do safety car.
Uma pena. Um campeonato tão empolgante e uma corrida tão maluca mereciam um final mais vibrante.
O top 10 na linha de chegada, Button, Alonso, Massa, Webber, Hulkenberg, Vettel, Schumacher, Vergne, Kobayashi e Raikkonen.
Vettel, claro, agradeceu.
Com a vitória, foi a 281 pontos. Alonso termina com 278.
Torna-se, assim, apenas o terceiro homem a conquistar três Mundiais de F-1 na sequência. Além dele, só Fangio e Schumacher.
Precisa dizer mais alguma coisa?