“Sorte de campeão”, diria um. Sorte de tricampeão, emendaria eu.
O objeto das frases, claro, Alonso.
Mais uma vez ele não ganhou. Porém, mais uma vez, viu seu adversário direto no Mundial tendo problemas e abandonando. E assistiu a uma nova troca na vice-liderança do campeonato.
Assim, enquanto ninguém se estabelece na condição de perseguidor pelo título, o espanhol segue em seu velocidade de cruzeiro, rumando para mais um título.
A vitória em Cingapura foi de Vettel, sua segunda na temporada. Button foi o segundo. E Alonso completou o pódio.
Mas e Hamilton, que largou na pole, cheio de confiança e favoritismo? A explicação está logo abaixo…
Na largada, tudo limpo. Hamilton disparou na frente e Maldonado perdeu duas posições, para Vettel e Button.
O top 10 ao fim da primeira volta, Hamilton, Vettel, Button, Maldonado, Alonso, Di Resta, Webber, Grosjean, Rosberg e Schumacher. Bruno cruzou em 18º. Massa teve um furo no pneu traseiro esquerdo, caiu pra último e precisou passar pelos boxes.
Na quinta volta, Hamilton tinha 1s8 sobre Vettel. Mas o interesse de todo mundo era nos pneus. Enquanto a maioria do grid optou por largar com os supermacios, alguns poucos arriscaram os macios _mais resistentes.
Massa e Petrov, que pararam logo no começo, também aproveitaram para colocar os macios. E, na quarta volta, Massa cravou o melhor tempo até então, mostrando que aquela era a melhor opção.
Assim, não demorou para que a primeira janela de pits fosse aberta. Logo na nona volta, Webber parou e colocou os macios. Duas voltas depois, Vettel e Bruno pararam. E o brasileiro estava com um “probleminha” para sair dos boxes: sem a primeira marcha.
Na 12ª, Alonso, Schumacher e Ricciardo entraram. Na 13ª, Hamilton, Di Resta e Rosberg. Na seguinte, Raikkonen, Maldonado e Glock. Na 15ª, Button e Grosjean fizeram suas paradas.
Só na 19ª, Pérez e Hulkenbeg, que largaram com os macios, fizeram seus primeiros pits.
O resultado prático desses trocentos pit stops foi… Zero. Nada mudou. Hamilton continuou na ponta, seguido por Vettel, Button, Maldonado e Alonso. Some isso à falta de ultrapassagens na pista e a conclusão é que a corrida, àquela altura, estava uma enorme chatice.
Tanto que a maior emoção foi um abandono. Na 23ª volta, a TV mostrou Hamilton se arrastando, tentando desesperadamente trocar marchas, dando até umas porradas no volante pra ver se pegava no tranco… Não deu. Abandonou o GP de Cingapura.
Pelo rádio, a McLaren informou que foi quebra da caixa de câmbio. O inglês deixou o carro cabisbaixo, ciente de que estava dando adeus à vice-liderança do Mundial e a boa parte de suas chances de título.
E vale a pergunta: será que isso vai influenciar na sua decisão sobre 2013? A ver.
A liderança da prova caiu no colo de Vettel. Mas quem mais sorriu, imagino, foi Alonso. Não bastasse sua técnica exuberante, o espanhol está numa onda de sorte que é brincadeira…
Na 29ª volta, Webber abriu a segunda janela de pits lá na frente. Tirou os macios e colocou os supermacios.
Na 30ª, Maldonado, terceiro colocado, e Alonso, quarto, entraram nos boxes.
O venezuelano colocou os supermacios, mas Alonso manteve os macios. Cada um com sua aposta, e o espanhol louco para superar o adversário e beliscar o pódio.
A corrida, finalmente, melhorou. Na 33ª volta, Alonso partiu pra cima, colocou duas vezes o carro lado a lado com o do Maldonado, mas não conseguiu a manobra.
E veio então o safety-car, oferecimento Karthikeyan no muro.
Corre-corre pros boxes, todo mundo que não tinha feito o segundo pit aproveitando para trocar os pneus.
E lembra da sorte de Alonso? Pois é… Maldonado sofreu um problema hidráulico, precisou passar pelos boxes mais uma vez, despencou para décimo e logo depois abandonou. Assim, Alonso subiu para terceiro.
O safety car só saiu na 38ª volta.
O top 10 tinha Vettel, Button, Alonso, Di Resta, Hulkenberg, Webber, Pérez, Rosberg, Grosjean e Vergne.
E não demorou muito para um novo safety car. Ainda na volta da relagada, Schumacher veio como um torpedo na traseira de Vergne, uma lambança de dar gosto. Ambos abandonaram.
A nova relargada veio na 43ª volta. Com Bruno em nono, Massa em décimo e um duelo forte entre os dois, com direito a roda batendo. Após alguns momentos de tensão, o ferrarista conseguiu a ultrapassagem.
Mas veio um mimimi pra tentar estragar a brincadeira: a FIA colocou a disputa sob investigação, entendendo que Bruno teria sido agressivo demais na manobra.
Discordo. Discordo muito. Mas não sei porque ainda fico chocado com as frescuras da FIA… GP após GP, fica claro que os cartolas e comissários querem uma F-1 burocrática, chata, insípida. Uma pena.
(Não, não houve punição. Mas o simples fato de ter começado uma investigação diz muito sobre o atual estágio das coisas na FIA…)
Com tanto tempo de safety car na pista, a corrida foi encerrada pelo cronômetro, no limite de duas horas.
Vettel cruzou com 8s9 sobre Button, que teve 6s2 sobre Alonso.
Na sequência, Di Resta, Rosberg, Raikkonen, Grosjean, Massa _fez uma boa prova, até_, Ricciardo e Webber. Bruno abandonou a duas voltas do fim, reclamando de perda de potência do motor.
Com o resultado, Alonso foi a 194 pontos, contra 165 de Vettel. Sua folga na ponta, que era de 37 para Hamilton, agora é de 29 para o alemão. Mas falta um GP a menos para o fim.
Nada está garantido, mas me parece mais lógico apostar no tri de Alonso do que em qualquer outro resultado. Ou você apostaria em outro?