Hamilton e Alonso no pódio de Monza (Beto Issa)
Em Monza, a vitória foi de Hamilton. Mas a Ferrari não tem motivos para reclamar.
Porque Alonso foi o terceiro colocado. E viu Vettel, vice-líder do Mundial e concorrente pelo campeonato, abandonar no finalzinho.
O espanhol praticamente anulou seu péssimo domingo em Spa. Chegou a Monza com 24 pontos de vantagem para o alemão. Deixará com 37 de folga para Hamilton, o novo vice-líder.
E falta uma prova a menos para o fim do campeonato.
Sejamos francos e diretos: colocou uma mão na taça.
Pérez foi o segundo na prova, executando com maestria uma bela estratégia da Sauber: largou com pneus duros e fez o segundo trecho da prova com os macios, indo na contramão da manada.
Massa foi o quarto. Bruno beliscou um pontinho, em décimo.
A corrida aconteceu com pista seca, céu azul, 28ºC no ar e 39ºC na pista.
Na largada, Massa foi muito bem e passou Button antes que o inglês entendesse o que estava acontecendo. Tentou, ainda, pular pra liderança. Mas Hamilton tinha a tangência da primeira curva e assegurou a ponta.
Alonso e Bruno também foram bem, ganhando posições nos primeiros metros
O top 10 na primeira volta, Hamilton, Massa, Button, Schumacher, Vettel, Raikkonen, Alonso, Kobayashi, Di Resta e Bruno.
Na quarta volta, Vettel passou Schumacher, que passou a sofrer pressão de Alonso.
Um pouco mais atrás, Bruno, que já tinha perdido posição para Pérez, esbarrou em Rosberg na primeira chicane, sem grandes prejuízos para ambos. Logo depois, o brasileiro se enrolou ao tentar passar Di Resta e deu uma voltinha pela área de escape.
Na sétima volta, Alonso deixou Schumacher e partiu para cima de Vettel.
Lá na frente, Hamilton seguia em velocidade de cruzeiro, abrindo gradativamente para Massa, tranquilo na liderança. Na décima volta, tinha 3s4 sobre o brasileiro, que tinha 2s sobre Button.
Vettel era o quarto, seguido por Alonso, Schumacher, Raikkonen, Pérez, Kobayashi e Di Resta. Bruno era o 12º.
Na 14ª volta, Maldonado abriu a primeira janela de pits. Rosberg parou na 15ª. Schumacher, na seguinte. Raikkonen entrou na 18ª.
Enquanto isso, a situação de Massa ia se complicando. Hamilton já tinha 5s4 para ele. E Button encostava, a 1s1.
Na 19ª, Button chegou. E passou, sem muito esforço. Imediatamente, a Ferrari chamou Massa para os boxes. A reação da McLaren também foi rápida: pelo rádio, mandou Button pisar fundo.
Duas voltas depois, Vettel e Alonso pararam. Retornaram à pista exatamente atrás de Massa. Na 22ª, Webber, Di Resta e Button entraram. O inglês voltou à frente do brasileiro, consolidando a ultrapassagem que fizera na pista.
Líder, Hamilton entrou na 23ª, sem sustos.
Com a dobradinha da McLaren já consolidada, a história do GP passou então a ser o avanço de Alonso.
Na 26ª volta, o espanhol tentou passar Vettel, mas o alemão foi duro na jogada. Alonso acabou indo para a grama, controlando bem o carro na volta para a pista, mas reclamando bastante pelo rádio. Na 29ª, em nova tentativa, o ferrarista, enfim, conseguiu a manobra.
Seu alvo, então, passou a ser Massa. Ou seja, era chegar e passar. Totalmente compreensível nesta altura do campeonato, registre-se.
Na 30ª volta, o top 10 tinha Hamilton, Button, Massa, Alonso, Vettel, Schumacher, Raikkonen, Pérez, Rosberg e Webber. Bruno era o 15º.
A FIA, então, voltou a aprontar. Mandou um drive through para Vettel, por ter “forçado um adversário para fora da pista”. Alonso, no caso.
Um exagero, a meu ver. O já célebre “excesso de mimimi” dos comissários.
Como se a punição a um adversário direto não bastasse, Alonso recebeu outra boa notícia logo depois: Button abandonou pouco antes da Parabólica com um problema no pescador de combustível.
Na 37ª, veio o rádio ferrarista. “Felipe, você precisa conservar os seus pneus. E Alonso está logo atrás de você.”
Sim,”conservar os pneus” é o novo “faster than you”. Uma bobagem, até. Desta vez, ninguém condenaria a Ferrari pela ordem.
Simultaneamente, começava a segunda bateria de pits, com Maldonado, Schumacher e Rosberg fazendo as honras da casa.
Na 40ª, o que todo mundo esperava. Alonso passou Massa, que passou então a ter outro problema: Pérez, num ritmo muito mais forte.
Com pneus macios, enquanto os pilotos à frente estavam usando os duros, o piloto da Sauber virava 1s5 mais rápido.
Na 44ª, o mexicano chegou e passou o brasileiro com facilidade. Seu alvo, então, passou a ser Alonso, 2s3 à sua frente.
Uma volta depois, a diferença já era de apenas 0s6. Na 46ª, um replay da manobra anterior: Pérez chegou e passou. Fácil assim.
Ah, sim: lembram da sorte do Alonso? Na 48ª volta, Vettel abandonou. Dentro do capacete, o espanhol deve ter aberto um enorme sorriso.
Na linha de chegada, Hamilton tinha 4s3 sobre Pérez. Foi a 20ª vitória do inglês, que iguala um ídolo da McLaren, Hakkinen, na estatística.
Com o resultado, Alonso foi a 179 pontos. Hamilton agora é o vice-líder, com 142, um a mais do que Raikkonen. Vettel despencou para quarto, com 140. Webber tem 132 e Button, 101.
Entre os Construtores, a Red Bull ainda lidera, mas estacionada nos 272 pontos. A McLaren tem 243 e já começa a ameaçar. Depois surgem Ferrari, com 226, e Lotus, com 217.
Ah, sim: Massa foi bem, mas Pérez impressionou. Conseguiu tirar um ritmo forte dos pneus macios até o final do GP. Tenho a impressão de que o mexicano será chamado para uma conversinha em Maranello nos próximos dias.