A vitória foi de Raikkonen. Merecida por tudo o que fez neste ano. Naquele rodízio de vitórias no começo do ano, ficou faltando a dele.
Raikkonen comemora, sob aplausos de Vettel (Luca Bruno/AP)
Mas o nome do GP de Abu Dhabi foi Vettel.
O alemão saiu em último, ganhou posições, caiu para último de novo e terminou em terceiro. Desempenho de campeão, calando muita gente que bradava que ele só se dá bem largando na frente.
Alonso também merece aplausos. Foi arrojado, foi consistente, foi inteligente. Largando em sexto, terminou em segundo.
Digno, mas talvez não o suficiente.
Porque o resultado de tudo isso para o Mundial é que a disputa pode ser fechada na próxima etapa, nos EUA, dia 18.
A matemática é simples. Hoje, 10 pontos separam os rivais. Se essa vantagem subir para 25, fim, de papo. Se Vettel vencer e Alonso ficar em quinto, a fatura está encerrada.
(Sim, sei o quanto isso é difícil e acredito em decisão no Brasil. Mas é emblemático que a matemática já dê essa possibilidade ao alemão.)
A 18ª etapa da temporada de 2012 foi uma bela corrida, que começou com um entardecer quente em Abu Dhabi: 29ºC no ar, 33ºC no asfalto.
Na largada, Hamilton manteve a ponta. E Raikkonen brilhou. Não tomou conhecimento da concorrência e pulou de quarto para segundo. Alonso também foi bem: tomou a posição de Webber na chicane.
Um pouco mais atrás, confusão: Bruno e Hulkenberg se tocaram, e o alemão abandonou.
Ainda mais atrás, lá no fundão, Vettel passou Grosjean e Di Resta e ganhou as posições de Hulkenberg e De la Rosa _que teve problemas ainda no grid e também partiu dos boxes.
O top 10 na primeira volta, Hamilton, Raikkonen, Maldonado, Alonso, Webber, Button, Massa, Kobayashi, Pérez e Schumacher.
Veio então o rádio. “Sebastian, sua asa dianteira está danificada. Estamos prontos para recebê-lo. Você decide se quer parar ou não”, informou a Red Bull ao bicampeão. O motivo, um totó no pneu traseiro esquerdo de Bruno.
Vettel preferiu continuar na pista. Na quinta volta, já tinha deixado mais cinco para trás: Glock, Petrov, Bruno, Pic e Rosberg _este se tocou com Grosjean na largada, e ambos tiveram de passar pelos boxes. Era o 16º.
Virou uma corrida de um olho no peixe, outro no gato.
Lá na frente, Hamilton tinha 2s5 sobre Raikkonen na sexta volta, livrando-se do aperto inicial e começando a cravar voltas rápidas.
Lá atrás, Vettel já era o 14º.
Na nona volta, pancão. Batida feia entre Rosberg e Karthikeyan. O alemão veio como uma vaca louca na traseira do HRT, bateu forte, decolou, passou raspando pela cabeça do indiano.
Barbeiragem grotesca do alemão, que não soube lidar com um carro tão lento à sua frente.
Safety car.
A disputa foi retomada na 14ª volta, e Vettel aproveitou para fazer seu pit stop e trocar pneus e bico. Caiu para 21º e último.
Hamilton manteve a ponta. Webber partiu pra cima de Alonso, mas não levou.
Recomeçou a escalada de Vettel. Na 15ª volta, passou De la Rosa e Di Resta. Na 16ª, Pic e Grosjean, numa manobra curiosa: ultrapassou o francês usando a faixa azul, devolveu a posição e daí passou de novo.
Na 17ª, após ganhar as posições de Petrov e Glock, já era o 15º.
Abu Dhabi, então, soltou um “ohhhh!”. Na 21ª volta, Hamilton apareceu se arrastando na pista, levando o carro para a grama, abandonando. A liderança caiu no colo de Raikkonen.
Alonso se animou. Quase que simultaneamente, pisou fundo e aproveitou-se de um errinho de Maldonado, assumindo a segunda posição.
Vettel? Era o 11º.
Na 23ª, Maldonado e Webber se estranharam. O australiano tentou uma ultrapassagem, os dois se tocaram, o veterano foi parar na área de escape. Incidente de corrida, na opinião deste blogueiro e dos comissários.
Na volta seguinte, Button tentou o mesmo e se deu melhor. Deixou o venezuelano para trás, assumiu o terceiro lugar.
O top 10 na 25ª volta, Raikkonen, Alonso, Button, Maldonado, Pérez, Massa, Webber, Kobayashi, Schumacher e Vettel.
Vettel? Passou Schumacher e, com a parada de Kobayashi, subiu para oitavo.
Massa tinha uma vida dura. Sem pneus, mas orientado pela Ferrari a ficar na pista, perdeu posição para Webber, bateu roda com o australiano e acabou rodando. Acabou indo para os boxes.
Vettel? Cravava a volta mais rápida da prova no momento, em sétimo lugar.
Começou então o corre-corre nos boxes, com todo mundo fazendo sua parada.
Vettel? Deve ter aberto um sorriso do tamanho do mundo dentro do capacete.
Porque, na 32ª volta, com o fim da janela de pits, ele era o segundo colocado. Sim, você leu direito. Depois de largar em último, ganhar posições, enfrentar o problema na asa e cair para último de novo… O alemão assumiu a vice-liderança da corrida!
A questão, então, passou a ser se os pneus de Vettel aguentariam ou não. A resposta definiria a corrida e mostraria a nova cara do campeonato.
Em termos de ritmo de prova, o alemão vinha mais lento que os outros ponteiros. Virava na casa de 1min46s9, enquanto Alonso fazia 1min46s4 e se aproximava volta a volta.
Na 35ª volta, o top 10: Raikkonen, Vettel, Alonso, Button, Grosjean, Di Resta, Pérez, Webber, Maldonado e Kobayashi.
Veio então a tal resposta. A Red Bull chamou Vettel para os boxes. Foi bem: no ritmo em que ele estava, o prejuízo de um pit seria menor.
Com pneus macios, voltou em quarto, atrás de Button.
E abriu outro sorrisão: na 39ª volta, Grosjean e Pérez bateram e levaram Webber junto. Francês e australiano abandonaram. Veio o safety car, juntando todo o pelotão.
Prova reiniciada na 43ª volta, faltando 12 para o fim. Era o momento da decisão.
Vettel, de pneus novinhos em folha. partiu para cima de Button. Foi duro. Brigou, brigou… E passou, a três voltas do fim.
O top 10 na linha de chegada: Raikkonen, Alonso, Vettel, Button, Maldonado, Kobayashi, Massa, Bruno, Di Resta e Ricciardo.
Com o resultado, a diferença de Vettel para Alonso caiu de 13 para 10 pontos: 255 a 245. Raikkonen tem 198.
No Mundial de Construtores, a Red Bull foi para 422 contra 340 da Ferrari. Ainda não fechou o tri, mas vai fechar.
Será um belo fim de campeonato, entre dois bicampeões que estão dando aula de pilotagem. Sorte a nossa.