Nos últimos dois anos Vettel largou na frente em Montreal, mas não conseguiu vencer.
Desta vez decidiu que seria diferente. E fez uma prova impecável.
Perdoem o clichê, mas não pensei em nada melhor: o alemão correu com a faca nos dentes.
Foi uma vitória-desabafo.
Mandou 13s586 de vantagem sobre Alonso, o segundo colocado. Hamilton ficou o terceiro. Massa terminou em oitavo.
Foi a 29ª vitória do alemão na F-1 e a terceira em sete corridas nesta temporada. Foi, ainda, o primeiro triunfo dele e da Red Bull na Ilha de Notre Dame.
A corrida não foi das melhores, mas teve lances interessantes.
Vettel não deu moleza na largada e manteve a primeira posição. Hamilton também segurou seu segundo lugar. Rosberg pulou para terceiro, seguido por Webber.
Alonso e Bottas protagonizaram um bonito duelo, acirrado e leal, com vantagem para o espanhol.
O top 10 ao final da primeira volta, Vettel, Hamilton, Rosberg, Webber, Alonso, Bottas, Vergne, Sutil, Ricciardo e Raikkonen. Massa ganhou duas posições e cruzou em 14º.
Mantendo sua tática de não dar sopa para o azar, Vettel tratou de abrir vantagem. Na quinta volta, já tinha 4s3 sobre Hamilton.
Na sexta volta, Sutil rodou, mas não acertou ninguém. Foi parar atrás de Massa, que agradeceu. Na sequência, o alemão ainda levou um toque de Maldonado, que ganhou mais um drive-through para sua coleção.
Com tudo meio igual lá na frente, o brasileiro virou a atração do começo da prova, escalando o pelotão. Na nona volta, já era o 11º. Na décima, entrou na zona de pontos.
Um ritmo sensacional, que bom se fosse sempre assim.
Massa chegou então em Raikkonen, que estava preso atrás de Ricciardo. Tentou, tentou, mas foi o finlandês que conseguiu a ultrapassagem sobre o australiano.
O brasileiro então partiu pra cima de Ricciardo. Teve sua vida facilitada quando, na 13ª volta, o adversário entrou nos boxes. Nona colocação.
Na 14ª volta, Webber abriu os pits entre os pilotos do pelotão da frente. Tirou os supermacios e colocou os médios.
Rosberg parou na seguinte, mas colocou outro jogo de supermacios. Uma aposta estratégica que teria consequências mais à frente.
Vettel parou na 16ª. Alonso, na 17º. Ambos colocaram os médios. Massa entrou na 18ª e manteve os supermacios.
Então líder, Hamilton entrou na volta seguinte. Colocou os médios e saiu 11s atrás de Vettel.
Raikkonen parou na 23ª e perdeu tempo nos boxes.
As duas histórias da prova permaneciam boas. Vettel continuava abrindo para Hamilton, e Massa seguia acelerando fundo.
Na 28ª volta, o alemão tinha 15s5 sobre o inglês. E o brasileiro era o décimo, mas atrás de dois pilotos que ainda não haviam parado, Di Resta e Grosjean.
Surgiu, então, outra boa história: Rosberg x Webber x Alonso na briga pela terceira posição. Mas essa foi facilmente resolvida.
Na 31ª, Webber passou o alemão. Alonso veio no embalo e fez o mesmo poucas curvas depois.
Não foi coincidência. A tal estratégia diferente de Rosberg não se sustentou. Com os pneus no bagaço, ele teve de parar na 32ª. Aposta errada.
Massa tornou-se então o único piloto na pista com os supermacios. De novo não foi coincidência: empacou atrás de Sutil. Outro que errou.
Na 38ª, Van der Garde aprontou: retardatário, fechou Webber, que perdeu um pedaço da asa dianteira. Stop and go de 10 segundos para o holandês.
O top 10 na 40ª volta tinha Vettel, Hamilton, Webber, Alonso, Rosberg, Vergne, Di Resta, Grosjean, Massa e Pérez. Com um detalhe: Di Resta e Grosjean ainda não haviam parado.
Só então Hamilton e Alonso começaram a apertar o ritmo. Deu certo para o espanhol, que na 42ª volta passou Webber e assumiu o terceiro posto.
Na 43ª, Massa foi para seu segundo pit. É…
Grosjean parou na 43ª. Di Resta tornou-se o único na pista que não havia passado pelos boxes. Aplausos.
Na 47ª, Webber parou, o primeiro pit “normal” entre a turma lá da frente. Alonso entrou na sequência. Na 49ª, foi a vez de Vettel e Hamilton trocarem os pneus.
Vettel? Tomou um susto na 52ª volta. Quase escapou na primeira chicane, mas se manteve na pista. Típica falta de concentração de quem está tranquilo na liderança _ele tinha, àquela altura, 14s8 sobre Hamilton.
“Fique tranquilo”, disse o engenheiro pelo rádio, mais um “pelamordedeus” do que um conselho.
Na 54ª, Massa enfim passou Grosjean e retornou à zona de pontos.
E o Di Resta? Lembram dele? Pois é, fez seu primeiro e único pit na 57ª volta e voltou à pista em sétimo.
Os pneus dele vão ter que ser dissecados para estudos.
Das histórias da prova, Vettel continuava bem. Massa nem tanto: após o erro estratégico, ficou ali mesmo em décimo.
O barato da prova tornou-se a aproximação de Alonso sobre Hamilton. Faltando 10 voltas para o fim, 0s4 separavam os rivais.
Na 63ª, Alonso tentou pela primeira vez e não conseguiu. Na 64ª, não teve jeito, colocou sua Ferrari à direita da Mercedes e com precisão milimétrica tomou o segundo lugar.
Hamilton grudou na caixa de câmbio do espanhol, tentou dar o bote algumas vezes, mas não conseguiu finalizar a manobra.
Quem conseguiu um brilhareco no final foi Massa. Fez uma bela ultrapassagem sobre Raikkonen e tomou-lhe o oitavo lugar.
“Sim! A gente venceu no Canadá”. gritou Vettel, quando cruzou a linha de chegada.
O top 10 na bandeira quadriculada, Vettel, Alonso, Hamilton, Webber, Rosberg, Vergne, Di Resta, Massa, Raikkonen e Sutil.
Com o resultado, Vettel continua na liderança do Mundial.
Soma 132 pontos, contra 96 de Alonso, que tomou a vice-liderança de Raikkonen. O finlandês agora tem 88, em terceiro. Hamilton tem 77, seguido por Webber, com 69. Depois aparecem Rosberg, com 57, e Massa, com 49.
Entre os Construtores, a Red Bull tem 201, contra 145 da Ferrari e 134 da Mercedes.
Nesta temporada, Vettel é o piloto que mais venceu (3), o que mais subiu ao pódio (4, empatado com Raikkonen), o que mais fez poles (3, empatado com Rosberg) e o que mais cravou melhores voltas (3).
Seu tetracampeonato já começa a parecer a mais forte das possibilidades para o fim do ano.