
Hamilton vibra (Bernadett Szabo/Reuters)
Grande Prêmio da Hungria de Pit Stops. Porque F-1, que é bom, não houve.
Pelo menos F-1 da maneira como a concebo. Como esporte. Com disputas. Com pilotos buscando a superação. Com homens indo ao limite. Com trocas de posição. Com indefinição.
O que houve foi uma procissão de poucas emoções, vencida por Hamilton, seguido por Raikkonen e Grosjean.
Foi a segunda vitória do inglês nesta temporada, a 19ª na carreira.
Um resultado, como imaginado após um grid tão mexido, que mudou um pouco a cara da tabela; Porque líder do Mundial, Alonso foi o quinto no GP. Vice-líder, Webber não passou de oitavo. Isso aumentou ainda mais a folga do espanhol na ponta do campeonato, é verdade. Mas aumentou também o bolo do segundo ao quinto colocados.
Foi um domingo de muito calor na Hungria.
No início da prova, 30ºC no ar, 46ºC na pista.
E uma confusão, tudo indica, causada pela direção de prova. A largada foi abortada, e Schumacher apareceu com o carro parado no grid.
O motivo teria sido falha na sinalização. Ele alega que desligou o motor quando percebeu o diretor do GP mexendo os braços, indicando problemas na largada. Ou seja, não teria sido ele o motivo do cancelamento. Enfim, tanto faz agora. Mas o alemão acabou se dando mal: teve de sair dos boxes.
Hamilton largou bem. Vettel tentou atacar Grosjean e dançou: perdeu a posição para Button. Massa foi outro com largada ruim: caiu de sétimo para nono.
O top 10 ao fim da primeira volta, Hamilton, Grosjean, Button, Vettel, Alonso, Raikkonen, Webber, Bruno, Massa e Hulkenberg.
Para Hamilton, não poderia haver cenário melhor. Na sétima volta, ele tinha 2s3 para Grosjean. Tenho certeza de que trabalho seria mais complicado se fosse outro o segundo colocado.
E virou procissão, como quase sempre na Hungria. Ninguém passando ninguém.
Agito, só nos boxes.
Button, Hulkenberg e Maldonado pararam na 16ª volta, abrindo a janela de pits. Na 17ª, Bruno, Di Resta e Rosberg pararam. Na 18ª, Alonso e Vettel. Na 19ª, Hamilton e Massa. Duas voltas depois, pit para Raikkonen e Webber.
Ao fim da primeira janela de pits, na 22ª volta, o top 10 tinha Hamilton, Grosjean, Button, Vettel, Raikkonen, Alonso, Webber, Bruno, Massa e Rosberg.
Com um ótimo desempenho, irreconhecível até, Grosjean passou então a virar voltas muito rápidas e encostou em Hamilton. Mas nossa esperança de ver um duelo durou pouco. O inglês respondeu e conseguiu abrir de novo.
Sem briga. Procissão de novo. Bocejei, admito.
Na 35ª, Button inaugurou a segunda janela de pits. Vettel e Grosjean entraram na 39ª. Na 40ª, Webber. Na 41ª, Hamilton. Bruno parou na 43ª. Alonso e Massa, na 44ª.
Raikkonen parou só na 45ª, o que proporcionou pelo menos um momento bacana na prova: disputa roda a roda com Grosjean na saída dos boxes, com o finlandês prevalecendo.
O top 10 na 48ª volta, com a janela de pits encerrada: Hamilton, Raikkonen, Grosjean, Vettel, Webber, Alonso, Button. Bruno, Massa e Rosberg.
(Nesse meio tempo, mais uma absurda punição dos comissários da F-1. Desta vez, a vítima do mimimi foi Maldonado, considerado culpado por tocar em Di Resta. De novo, não houve nada. De novo, a FIA passa a mensagem errada aos pilotos, de que “ultrapassar é feio, não faça mais isso, menino”.)
Sem mais pits pela frente, a nova esperança de duelo passou a ser Raikkonen se aproximando de Hamilton. Em vão. O finlandês até conseguiu reduzir sua desvantagem para 0s8, mas em nenhum momento teve abertura para tentar o bote.
Na chegada, Hamilton cruzou com 1s de vantagem para Raikkonen, que passou com 9s4 de folga para Grosjean. Completando a zona de pontos, Vettel, Alonso, Button, Bruno, Webber, Massa e Rosberg.
Uma boa prova de Bruno, diga-se, cumprindo sua antiga profecia de que as coisas começariam a melhorar a partir da Hungria, circuitos nos quais andou com a Renault no ano passado.
Uma prova apagada de Massa, diga-se também. Caiu para nono na largada e não tentou nada diferente para sair de lá. Assim fica difícil negociar contrato com quem quer que seja.
Com o resultado, Alonso aumentou sua folga para Webber no Mundial. Eram 34 pontos, agora são 40: 164 a 124.
De Webber para trás, porém, o grupo está mais próximo. Vettel foi para 122 e encostou no companheiro. Hamilton tem 117. E Raikkonen caiu para quinto, mas com um ponto a menos que o vencedor de hoje.
Lá atrás, Bruno ameaça Massa. Está em 15º, com 24 pontos, só um a menos que o ferrarista.
No Mundial de Construtores, a Red Bull tem agora 246 pontos, contra 193 da McLaren, nova vice-líder. A Lotus é a nova terceira colocada, com 192. A Ferrari despencou de segundo para quarto _e taí a pior notícia que Massa poderia carregar para essas férias da F-1.
“A corrida foi decidida para mim na largada. Meu carro patinou, o que não é normal. Não tinha um ritmo forte, mas aquelas posições eu perdi na largada”, disse Massa, ao fim da prova.
GP, agora, só em setembro, na Bélgica. Mas serão férias pouco relaxantes, imagino.