São 34 carros de 17 equipes, cada uma empregando de 20 a 25 funcionários, em média. Uma estrutura que ocupa outras 2.000 pessoas por etapa, entre bilheteiros, fiscais, seguranças, garçons, recepcionistas etc e tal. Um campeonato que visita sete autódromos e que monta duas pistas de rua por temporada.
A Stock Car é, hoje, o automobilismo brasileiro. E um exercício simples comprova a tese: imagine o que sobraria se ela fechasse as portas.
Dos circuitos, Interlagos sobreviveria graças à bênção anual da F-1 –os outros teriam sérias dificuldades. Pilotos ficariam em casa ou teriam de tirar terno e gravata dos armários. Mecânicos buscariam emprego em oficinas.
Sobrariam a Truck –muito específica, digamos– e categorias regionais, amadoras. Gols bolinha, Fuscas, Opalões. Mais nada. Só isso.
Por um lado, culpa da CBA. Que assistiu de braços cruzados ao definhamento das categorias de fórmula. Que não assumiu a responsabilidade quando montadoras mudaram suas estratégias de marketing. Que confiou demais na enganosa fábula de que nosso segredo está na água.
Por outro, mérito dos promotores da Stock, que souberam aproveitar a chance de aparecer na TV para crescer. Que, pensando na renovação, criaram subcategorias. Que atraíram e mantiveram patrocinadores. Que criaram um pacote atrativo, capaz de segurar pilotos que contam com bom mercado.
Da turma que começa a disputar o campeonato neste domingo, em São Paulo, Cacá, Thiago, Barrichello, Max, Átila, Zonta e Ricardinho poderiam tranquilamente correr lá fora. Mas, até do ponto de vista financeiro, acham melhor ficar por aqui.
Stockdependência do automobilismo brasileiro? Sim. Mas é daqueles casos em que a abstinência seria nociva. Mataria o paciente.
TESTES
Depois de oito dias em que a principal preocupação foi testar funcionamento e confiabilidade dos carros, a F-1 iniciou ontem sua última bateria de treinos da pré-temporada com outro objetivo: a hora é de acelerar, de buscar performance, de entender onde cada equipe está.
E, coincidência ou não, o mais rápido logo de cara foi Webber, com seu Red Bull. Lá no fundo, Chilton testou outra vez com a Marussia.
A situação de Razia, que andou apenas dois dos nove dias até agora, parece cada vez mais complicada…
SOBRENOME
A respeito da coluna da semana passada, o estafe de Bruno informa que ele tentou estrear na F-BMW, em 2004, usando capacete cinza e o sobrenome paterno: Lalli.
Antes mesmo da primeira corrida, porém, o segredo já tinha vazado. Não teve jeito: virou Senna.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)