O último palpite
14/04/13 03:20Chegou a hora da brincadeira…
Acho que dá Hamilton, seguido por Vettel e Raikkonen.
E você?
Chegou a hora da brincadeira…
Acho que dá Hamilton, seguido por Vettel e Raikkonen.
E você?
Na China, a 27ª pole da carreira de Hamilton, a primeira pela Mercedes.
E um grid embaralhado, que nos permite sonhar com uma corrida das mais agitadas.
O sábado, que terminou prateado, começou vermelho em Xangai.
Alonso foi o mais rápido no terceiro treino livre, com 1min35s391, folga de 0s622 para Massa, o segundo colocado. A seguir vieram Hamilton, Vettel e Webber.
Com um problema hidráulico, Rosberg não andou com os pneus macios e ficou só em 14º, tornando-se um coringa para a classificação.
O treino oficial aconteceu com céu nublado, 27ºC no ar, 39ºC no asfalto.
No Q1, dobradinha da Mercedes. Hamilton fez 1min35s793, seguido por Rosberg, a 0s166. Massa foi o terceiro, seguido por Webber, Alonso, Vettel, Button…
Os cortados, Bottas, Gutiérrez, Bianchi, Chilton, Pic e Van der Garde.
(Na Marussia, Bianchi colocou 0s757 pra cima de Chilton, uma lavada. Razia me disse antes de o campeonato começar que este era um dos motivos para ele querer tanto guiar por lá: o inglês é muito ruim. Ok, o francês é bom piloto, mas grande parte da badalação que já há por cima dele é por conta da ruindade do companheiro…)
Veio o Q2. E Webber foi a notícia. Faltando cerca de 7 minutos para o fim, o australiano, que tinha o quinto tempo, encostou o carro, sem gasolina.
É tentador cair em teorias da conspiração. Até porque há chances de elas serem reais. Ou você coloca a mão no fogo?
A explicação oficial foi de problema na pressão de combustível. Sim, pode ser, claro. Acho até que deve ser isso mesmo.
Mas repito a pergunta acima. E minha resposta é: eu não.
Com o problema, o australiano acabou perdendo posições e dançou. Além dele, não passaram Di Resta, Pérez, Sutil, Maldonado e Vergne.
Lá na frente, de novo, ficou Hamilton, 0s070 melhor do que Alonso. Vettel foi o terceiro, seguido por Massa e Rosberg. Fechando o top 10, Raikkonen, Button, Grosjean, Ricciardo e Hulkenberg,
“Ricciardo? Uau”, disse Button, pelo rádio. Sim, belo trabalho do piloto da Toro Rosso.
Chegou a hora da decisão
Um momento bizarro. Porque, com os pneus macios morrendo após uma volta lançada, todo mundo ficou trancado nos boxes até o limite do tempo. O primeiro a sair foi Raikkonen, quando faltavam 2min35 para o fim do treino.
Foi rápido e intenso. E Hamilton manteve o domínio: 1min34s484, 0s277 melhor do que Raikkonen _este uma surpresa, na minha opinião.
Alonso ficou em terceiro, quebrando a série de Massa à sua frente. Ao lado do espanhol larga Rosberg.
O brasileiro sai em quinto, com Grosjean _sempre um perigo_ em sexto.
Na quarta fila, Riccardo-Uau e Button. Na quinta, Vettel e Hulkenberg.
(O tricampeão errou no início da volta e retornou aos boxes, sem tempo, guardando pneus para a corrida.)
Raikkonen na primeira fila, Alonso louco pra pontuar, Massa em ótima fase, Grosjean no bolo da frente, Vettel em nono, Webber largando lá atrás.
É, teremos uma bela corrida, podem apostar…
Quando a fase é boa…
Sim, Massa foi o mais rápido do dia em Xangai. O brasileiro da Ferrari fez 1min35s340 na segunda sessão de treinos livres para o GP da China e quebrou um jejum que já durava quase um ano e meio.
Desde o segundo treino do GP da Índia de 2011 ele não liderava uma sessão na F-1.
Seu tempo foi conquistado com pneus macios, o que não é demérito: todos, em algum momento, fizerem uso do mesmo composto.
Não é nada, não é nada, mas é mais uma cravadinha no Alonso. Daqui a pouco as piadinhas vão ficar sem sentido.
Raikkonen foi o segundo, a 0s152. O espanhol ficou em terceiro. Depois vieram Rosberg, Webber, Button, Hamilton… Vettel fechou em décimo.
Na manhã chinesa, o destaque foi a Mercedes. Rosberg fez o melhor tempo na primeira sessão, 1min36s717, 0s454 melhor do que Hamilton.
Webber foi o terceiro, seguido por Vettel, Alonso, Button e Massa.
A lambança do dia aconteceu justamente neste primeiro treino: Pérez conseguiu errar o ponto de freada na entrada dos boxes, bateu e voltou a pé. Coisa feia…
Ah, sim: pelo visto, Xangai vai bater o recorde de farofa de borracha na pista até agora nesta temporada.
Alguma coisa está fora da ordem, também na F-1.
Primeiro, Vettel é recriminado mundialmente por lutar pela vitória. Por desobedecer uma ordem antidesportiva. Por fazer valer seus instintos de atleta. Por ignorar contrato, patrocínio, rádio e leis das relações-públicas em nome da bandeira quadriculada.
Agora, é condenado por ter falado com sinceridade. A crise da Red Bull, claro, seria o assunto na chegada dos pilotos a Xangai. E foi.
(Previsível, imagino, até pelo repórter chinês que, em 2004, indagou Schumacher se a Ferrari estava de vermelho em homenagem ao país.)
Vettel teve três semanas para se preparar para o bombardeio de perguntas. Conversou com Horner, com a assessoria de imprensa da equipe, com seu estafe. Nada do que ele disse, portanto, foi na base do susto, da surpresa.
O que ele disse foi que Webber não merecia vencer o GP da Malásia, que o australiano nunca o ajudou e que faria tudo de novo, igual, caso a situação se repetisse.
E concluiu: “No fundo tudo se resume aos fatos de que aquilo era uma corrida, eu estava mais rápido que ele, fiz a ultrapassagem e venci”.
Pronto. A imprensa inglesa ontem chamou o alemão de “agressivo”, “arrogante”, de ter “mudado o tom”. Um colega italiano, do “La Reppublica”, relatou que o ambiente na sala de imprensa de Xangai foi de incredulidade.
No Twitter, o piloto Marino Franchitti, irmão de Dario, escreveu que foi como ver Anakin Skywalker se transformando em Darth Vader.
Será? Para os consultores de imagem, talvez. Para jornalistas, não deveria ser. Para o público, menos ainda.
Porque a verdade por ser cruel, mas ainda é a verdade.
Vettel falou com sinceridade sobre seus sentimentos, concordem com eles ou não. Sua declaração é melhor do que 99% dos embustes distribuídos pelas equipes em seus press releases coloridos e impressos em papel caro.
Coincidentemente, outro campeão do mundo falou ontem sobre a situação na sua equipe. Em entrevista à imprensa espanhola, no paddock chinês, Alonso foi questionado sobre ter ficado atrás de Massa nos quatro últimos treinos classificatórios.
Saiu-se com ironia: “Não durmo desde a Austrália, só estou comendo arroz e estou perdendo cabelo. É mesmo um enorme drama”.
Provocou gargalhadas.
Postura mais ofensiva para o companheiro do que a de Vettel. Porque debocha da boa fase do brasileiro, trata como piada sua reação, despreza qualquer possibilidade de preocupação em ficar para trás no duelo interno.
Conteúdo à parte: Vettel falou do companheiro com seriedade, Alonso debochou. Mas não, ninguém ligou para o desrespeito. Futriquinha interessa mais.
Alguma coisa está fora da ordem, também na F-1.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)
China…
O primeiro ano na China, 2004, foi divertido.
A organização indicou aos jornalistas um hotel próximo do autódromo. E logo descobrimos que, num país do tamanho da China, “próximo” é conceito bem relativo.
Era longe pra chuchu. E, para ajudar, os motoristas das van para a imprensa conheciam o caminho tanto quanto eu ou você ou nossas mães.
Resultado: levávamos horas para chegar.
Quando chegávamos, vinha outro show. E aí não é estereótipo, é realidade: hordas de vendedores de quinquilarias, óculos “Ray-Ban”, relógios “Rolex” e quetais cercavam os jornalistas tentando empurrar alguma coisa. E, claro, muita gente comprava. Uma festa.
Na hora de ir embora, todos cansados de andar quilômetros naquele paddock megalomaníaco, era a mesma coisa: um tempão para chegar no hotel. Com o agravante de correr o risco de não achar nenhum restaurante aberto para jantar.
(A busca por um restaurante até rendeu um caso divertido, mas isso eu conto no ano que vem.)
Segue a programação da terceira etapa do Mundial, no horário de Brasília:
quinta
23h-0h30: 1º treino livre
sexta
3h-4h30: 2º treino livre
sábado
0h-1h: 3º treino livre
3h: treino classificatório
domingo
4h: GP da China, 56 voltas
A Red Bull anunciou que terá um novo piloto reserva para o GP da China.
Trata-se do português António Felix da Costa, 21, vencedor do GP de Macau em 2012 e que neste ano é um dos favoritos ao título da F-Renault 3.5.
Até aí tudo ótimo.
É bacana ver um jovem ganhando uma chance como essa, mesmo que por ora seja só de observação, de aprendizado, de ambientação.
Mas o anúncio leva a uma reflexão.
Porque é mais um garoto que aparece por lá. E Buemi _que corre no Mundial de Endurance no final de semana_ pode começar a ser jogado pra escanteio. Ele já deu mostras de que não está curtindo essa história de ficar só olhando. É questão de tempo para vazar.
Assim como já aconteceu com Liuzzi, Alguersuari, Klien, Speed, Chandhok, Doorbnos, Friesacher, Kartikheyan, Bianchini, Jani, Bortolotti, Albuquerque, Edwards, Hartley, Dillimann, Coletti, Ammermüller, Aleshin…
Há muitos, muitos outros na lista.
Sim, a iniciativa da Red Bull de criar um Programa de Desenvolvimento de Pilotos é louvável. É exemplar. Seria ótimo que outras empresas, donas de equipe ou não, fizessem o mesmo.
(Lembrando que a Red Bull começou essa história com o Bernoldi, quando era uma mera patrocinadora da Arrows.)
O que questiono é a falta de paciência da empresa com seus pupilos.
O que vale a discussão é se a Red Bull não está queimando essa garotada.
O que me parece é que é um esquema 8 ou 80: ou você é um Vettel ou tá queimado.
O Pit Stop desta semana fala sobre o GP da China. Acho que vai ser um belo indicativo, enfim, da relação de forças nesta temporada.
No Naftalina, uma homenagem a uma das maiores exibições de um piloto em todos os tempos, que completa 20 anos na quinta-feira.
Vejam. Vale a pena.
O ano será espetacular para quem gosta de cinema e de velocidade.
Já falamos algumas vezes sobre a estreia mais aguardada, a de “Rush”, em setembro. É a história do Mundial de 1976, da rivalidade Lauda x Hunt, da quase-morte do primeiro, do estilo de vida do segundo.
Depois da divulgação de algumas cenas, hoje foi a vez de o primeiro trailer ganhar a internet…
Ainda não dá para falar em interpretação, claro. Mas já impressionam a semelhança física e a caracterização de Chris Hemsworth e Daniel Brühl como Hunt e Lauda, respectivamente.
Também já dá pra ficar boquiaberto com as imagens dos carros, das pistas, a reconstituição daquele campeonato mágico.
Mas eu também vou ver “Turbo”. O segundo trailer foi pra rua há duas semanas…
A produção é da DreamWorks, o que já é um atestado de qualidade. Para ajudar, Franchitti atuou como consultor.
Turbo é um caramujo apaixonado por velocidade, cujo sonho é correr as 500 Milhas de Indianápolis.
O lançamento será em julho, e levará de reboque toda uma linha de games para Wii, PlayStation, Xbox e quetais. Tal qual os álbuns de figurinhas que debatemos na semana passada, é uma maneira legal de chamar a atenção da garotada para o esporte a motor.
Que o tempo passe rápido…
Rossi deixando a concorrência pra trás. Foi a imagem do GP do Qatar, é a imagem do final de semana…
(E o melhor, é que tem tudo para ser a tônica da temporada.)
O clique é de Karim Jaafar, da France Presse.
Uma das histórias mais bacanas dos últimos anos do combalido automobilismo nacional entrou na pista no final de semana. Uma ousada aventura, no sentido mais positivo da palavra.
Uma equipe brasileira no Mundial de GT. Com dono brasileiro, chefe de equipe brasileiro, mecânicos brasileiros, pilotos brasileiros. (Ok, o carro é alemão por motivos óbvios e que se encaixam melhor nas páginas de economia e de política.)
Nogaro, na França, viu a abertura do novo campeonato, que acertadamente se livrou da sigla GT1 _um bobo capricho_ e se assumiu apenas com modelos GT3.
São oito as marcas representadas, um cardápio dos sonhos: Mercedes, Audi, BMW, Ford, McLaren, Lamborghini, Nissan e Ferrari.
Serão seis etapas, com circuitos históricos como Zolder e Zandvoort. Entre os pilotos, duas estrelas. Uma, pela lenda viva que é no esporte a motor: Sébastien Loeb, nove vezes campeão mundial de rali. Outra, pela curiosidade que gera: Fabien Barthez. Sim, o carequinha, goleiro da carrasca França na Copa-98.
No meio dessa turma, o BMW Team Brasil, idealizado por Antonio Hermann, ex-piloto de endurance, e que colocou no comando do dia a dia um veterano dos autódromos, Washington Bezerra.
Quatro pilotos se revezam nos dois carros: Cacá Bueno _maior campeão do automobilismo brasileiro em atividade_, Ricardo Zonta _campeão de GT em 98_, Allam Khodair e Sergio Jimenez, que já há algum tempo vêm se adaptando ao estilo de pilotagem desses modelos.
A história conta, claro, com os seus percalços. Os carros chegaram com atraso à Europa por conta da burocracia da aduana do Brasil. Entre os mecânicos, tudo também era enorme novidade. Alguns nunca tinham saído do país.
Mais: nenhum dos pilotos conhecia Nogaro, circuito ruim para o pouco torque dos BMW. E choveu bastante nos primeiros treinos por lá.
Apesar disso, foram bem. Na principal prova da primeira etapa, a dupla Cacá/Khodair ficou em nono no geral e quinto na categoria Pro.
(Há outros quatro brasileiros no campeonato, correndo de Ford GT pela portuguesa Rodrive: Matheus Stumpf e Claudio Ricci, na ProAM, e Felipe Tozzo e Raijan Mascarello, na Gentlemen Trophy.)
São tantas as notícias ruins no automobilismo nacional, e esta coluna soa sempre tão ranzinza, que é um alívio pode escrever sobre um projeto tão bem nascido.
O Brasil vai virar uma Argentina, deixando os fórmulas e abraçando de vez o Turismo? Não é questão de torcer por uma coisa ou outra, é simples constatação diante do que vem sendo feito numa e noutra área.
Sim.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)