Sonho prateado
08/03/13 03:00A última impressão foi a que ficou. E, pronto, a Mercedes foi elevada ao posto de grande sensação do Mundial que começa em menos de uma semana. (Sim, o primeiro treino livre do GP da Austrália será às 22h30 da próxima quinta, horário de Brasília).
A equipe dos carros prateados foi a que mais andou na última bateria de testes em Barcelona: 2.239 km, contra 1.992 km da Ferrari, a segunda em rodagem. Além disso, marcou o melhor tempo, justamente no último dia: Rosberg registrou 1min20s130, 0s364 melhor do que Alonso. Confiável e veloz, pois. E, claro, isso salta aos olhos.
Com um orçamento sem fim, um gênio como Brawn no comando, a colaboração de Schumacher por três temporadas e um talento como Hamilton ao volante, era de se esperar que a Mercedes crescesse em algum momento. O momento chegou?
Tudo indica que sim. A equipe vai lutar pelo campeonato? Este colunista acha que ainda é muito cedo para dizer. Há atenuantes, afinal.
A Mercedes foi a que mais andou na última bateria de testes, mas, no acumulado dos 12 dias, essa primazia coube à Sauber: 5.307 km ante 5.224 km dos alemães.
Alguém aposta nos suíços?
Há as impressões e os depoimentos dos pilotos. Enquanto Rosberg exalta otimismo, Hamilton diz que a equipe ainda tem muito trabalho a fazer no equilíbrio do carro.
Em quem você confia mais?
Por fim, a história mostra que é preciso relativizar o cronômetro nessas condições. Na pré-temporada do ano passado, por exemplo, o mais veloz foi Raikkonen. Que ficou em terceiro no Mundial, mas sem entrar de fato na luta pelo título.
E é aí que cabe a comparação. Este parece ser o tamanho da evolução da Mercedes: capaz de colocar Hamilton na briga pelo terceiro lugar. Uma rival para a Lotus.
O que já é um belo salto, por ora. No ano passado, o mais bem colocado do time foi Rosberg, nono.
Ferrari, pelo que mostrou, e Red Bull, pela capacidade que tem, ainda estão na frente. Lotus está na mesma. E a McLaren caiu um pouco. Façam suas apostas.
CRISE
Somos um país em que muitos setores acreditam mais em sortes, milagres e acasos do que em trabalho.
É o caso do automobilismo.
A crise anunciada há tanto tempo chegou. Pela primeira vez desde 1978, o Brasil começará a temporada com apenas um piloto no grid.
Há 35 anos, Emerson. Hoje, a tarefa é de Massa. Na ocasião, o país foi salvo com o surgimento de Piquet, no ano seguinte.
Cinco anos depois, Senna deixou tudo mais brilhante. Desta vez, não há Piquets e Sennas no horizonte. E não há nenhum trabalho da CBA a médio ou longo prazo. Neste caso, a aposta é desnecessária. Não é difícil imaginar o que vai acontecer.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)
E por muito, mas muito pouco esse anos não tivemos ninguém!
Fábio,
Eu tenho uma opinião diferente da maioria em relação à falta de brasileiros na F1. Acredito que sim exista culpa de categorias de base da CBA, incentivo por parte de empresas nacionais, etc.. Mas também acho que os pilotos brasileiros continuam com o mesmo modelo dos anos 70 e 80 , chegando lá com um certo dinheiro e a fama de ser brasileiro. Hoje na F1 é bem diferente, é preciso muito dinheiro e começar por lá bem cedo, já ser conhecido pelos donos das grandes aos 15 , 16 anos ou seja, uma assessoria de imprensa forte, etc. Além de tudo isso tem que ser muito bom, pois o nível por lá também aumentou. Assim se consegue chegar à GP2 com certa estrutura e chances de se chegar a uma das grandes seja na escola de pilotos ou como piloto de testes. É bem difícil e se o empresariado brasileiro e a CBA não ajudam fica muito mais difícil.