'Erro de todos'
02/11/12 03:00Em seminário sobre os Jogos de 2016, na última segunda, Eduardo Paes classificou de “erro de todos” a situação do automobilismo no Rio.
“Erro de todos”…
Difícil definir o que mais chama a atenção na frase.
Tem um quê de desfaçatez.
Na véspera, Jacarepaguá, único autódromo do mundo a receber F-1, Indy e Mundial de moto, morreu. Fez a última corrida de sua história.
Se a promessa da Prefeitura do Rio tivesse sido cumprida, esta seria uma coluna de saudosismo, mas também de celebração: falaria da festa de inauguração de Deodoro.
Não, não é bem assim.
O “novo autódromo”, na zona oeste da cidade, ainda não saiu do papel, apesar do acordo judicial firmado por Cesar Maia e a CBA lá em 2003 que rezava que o circuito só seria desativado quando um novo estivesse pronto.
Hoje, o terreno ainda é um matagal. E pior: com minas e granadas de mão não detonados, já que era usado desde os anos 50 para exercícios do Exército. É mole?
A prefeitura pode alegar que é tudo culpa da burocracia, dos impasses ambientais, do Ministério Público, do Ministério do Esporte…
Não são argumentos válidos. Nove anos é tempo suficiente para vencer esses obstáculos. Se houvesse alguma vontade política, claro –e Paes assumiu, em 2009, ciente desse pepino.
Arrependimento tardio?
Se for, é absurdo porque inútil. Homens e máquinas já estão destruindo o que sobrava do autódromo: aquele perigoso arremedo de uma das melhores pistas do mundo.
Mas não faltariam motivos para sê-lo. Tivesse dito não à sanha do COB e mandado a Olimpíada para uma área vazia do eixo Barra-Recreio-Jacarepaguá –o que não falta por lá–, a prefeitura não teria agora essa encrenca.
Por fim, embora a prefeitura –dona do ex-autódromo– seja a maior culpada por sua morte, Paes tem alguma razão em dividir o erro.
O COB erra ao sepultar um esporte em privilégio de outros. E o fato de o automobilismo não ser “olímpico” não me parece coincidência. Soa mais como maquiavelismo
E as autoridades automobilísticas brasileiras erraram ao não brigarem mais por um patrimônio como aquele. CBA e Faerj foram ingênuas ao aceitarem a fábula de Deodoro.
Esta coluna escreveu em 2008: “Esqueça a balela de que um novo autódromo será erguido no Rio. Se a cidade tivesse vontade de ter um autódromo, não destruiria uma joia como Jacarepaguá”.
Até que os primeiros carros acelerem por Deodoro, mantenho o escrito.
(Coluna publicada nesta sexta-feira na Folha de S.Paulo)
É Fábio, por 4 anos a pista sobreviveu mutilada pelas obras do Pan, tentamos continuar nossa vida, mas não deu, agora a prefeitura vendeu o terreno para as construtoras sem cumprir o acordo, ele ainda vale, mas quero ver alguém conseguir um juiz dentro do judiciário estadual para fazer cumprir, talvez só no STF, mas para ir pra lá tem que ter transitado em julgado aqui, o que nunca vai acontecer. Infelizmente não existe interesse em construir Deodoro, e Jacarepaguá apesar detudo, pelo menos o terreno, ainda vai estar lá depois dos Jogos, a esperança que nos resta é que o cenário político mude e se impeça que façam obras permanentes por lá depois dos Jogos. E quanto ao automobilismo carioca o futuro é incerto, alguns irão correrem SP, outros vão aguardar a bolsa-piloto da Prefeitura, que ninguém sebe que vai sair.
Uma coisa sobre Deodoro, lá na verdade é Guadalupe, e fica do lado de Costa Barros, um dos lugares mais perigosos da cidade atualmente, ou seja, além de área de preservação ambiental, cheia de explosivos, ainda teremos que nos preocupar com a segurança de quem vai frequentar o lugar.
Tudo isso pdoeria ter sido evitado, mas não foi, o tempo que estão falando dessa nova pista já deveria ter sido construida, mas não o fizeram, e agora inventam desculpa para nos tomar o autódromo. vamos continuar na luta, pois se deixarmos o precendente estará aberto o caminho para que outras pistas públicas do país desapareçam também em poucos anos.
Apesar de não ter lido, parabens pela materia da coluna. Me soa estranho que ate agora nenhum colunista aqui do Rio (diga-se “O Globo”) se manifestar sobre o caso. Deodoro foi simplesmente uma maneira de tentarem enganar o publico, todos sabiamos que a solução estava em defender Jacarepagua.