O semblante dos voluntários lembrava o de garçons quando resta apenas uma mesa animada no bar, já com a madrugada avançada.

A alegria deles quando me viram arrumando a mochila foi tamanha que me deram de presente este cartaz, que ficava na entrada da sala, indicando os vários tipos de credenciais e os acessos possíveis. Hoje ele orna a cozinha de casa.

Pois bem… Passaram-se 11 anos e só outro dia percebi um detalhe.

O ícone de acesso às salas de entrevistas, naquele ano, trazia uma ilustração de três pilotos hipotéticos, lado a lado, a disposição normal das coletivas na F-1.

O assento do meio, como todos sabemos, é sempre dedicado ao vencedor da corrida. O centro das atenções.

Pois bem… Prestem atenção no queixo.

 
Uma brincadeira do designer, creio. Mas é um pitoresco retrato da força da hegemonia de Schumacher naquele início de milênio.

A FIA já dava por barato que aquele lugar era dele.

Mas, enfim, vamos falar de 2013.

Segue a programação do GP deste final de semana, no horário de Brasília:

sexta
5h-6h30: 1º treino livre
9h-10h30: 2º treino livre

sábado
6h-7h: 3º treino livre
9h: treino classificatório

domingo
9h: GP da Bélgica, 44 voltas

Mas houve outros momentos complicados em Budapeste, cidade que enfrenta um problema que conhecemos bem: a corrupção policial.

Final de semana de F-1 é uma festa para os rendörseg, os policiais húngaros. Os caras chegam ao ponto de retirar as placas de contramão das vias, para induzir os turistas ao erro. E quando você entra numa rua no sentido errado, pode esperar: vai encontrar uma viatura de faróis apagados, na sombra, logo à frente.

Foi o que aconteceu comigo e com o Flavio Gomes certa vez. Acho que foi em 1999 ou 2000, algo assim. Saindo do jantar com a turma, pegamos o carro e entramos numa rua. Pronto. Lá estavam os rendörseg nos esperando. Um cara veio e pediu nossos passaportes. Entregamos. Daí veio o golpe: “Passem lá na delegacia na semana que vem para pegar”.

Obviamente, um achaque.

“Não podemos ficar sem o passaporte, nosso voo de volta é depois de amanhã, etc e tal”.

“Vocês podem pagar a multa agora. Sigam-me”.

Daí o cara entrou na viatura com seus colegas. Entraram por algumas ruas e pararam exatamente atrás do Parlamento. Simbólico.

Lá, veio a “multa”: 100 euros para cada um. Detalhe: apesar de estar no banco do carona, eu tinha que pagar também. Pagamento feito, passaportes liberados, seguimos para o hotel tomando todo o cuidado do mundo para não entrar em outra roubada parecida.

Aconteceu com a gente e com a imensa maioria dos colegas na sala de imprensa. Um ponto manjado de achaque é a via que dá acesso ao autódromo, batizada de Bernie Avenue. Outro cenário simbólico.

A solução passou a ser circular sem passaporte. O rendörseg ficava com cara de bunda e, sem ter o que negociar, nos liberava.

Enfim, uma pena, uma mancha num país tão bonito e simpático. (E disso entendemos bem.)

Vamos ao que interessa. A programação do GP da Hungria, no horário de Brasília e com expectativa de temperaturas na casa dos 40°C.

sexta
5h-6h30: 1º treino livre
9h-10h30: 2º treino livre

sábado
6h-7h: 3º treino livre
9h: treino classificatório

domingo
9h: GP da Hungria, 70 voltas

A corrida será transmitida ao vivo pelo Sportv.

Possivelmente essa alcunha foi inventada por alguém que nunca esteve lá.

Silverstone tem muita história, claro. Recebeu a primeira corrida do primeiro Mundial de F-1, em 1950. A F-1 como conhecemos hoje, organizada num campeonato, começou lá, usando trechos de uma antiga pista de pousos da Segunda Guerra.

Mas tirando a história, não resta muito.

O estacionamento fica numa área de terra e se transforma num lamaçal sempre que chove _tipo todo dia.

O trânsito para chegar é complicado, embora tenha melhorado com a rodovia que passa às margens do autódromo e que recebe o tráfego vindo de Northampton e Oxford.

Há poucas opções de hospedagem na região, e a turma que não é ligada às equipes se vira como pode. Normalmente, recorríamos a casas alugadas por moradores da área.

Para jantar depois das 20h30, então, só resta uma opção: o Rice Bowl. É um restaurante chinês em Towcester, a 10 minutos de carro do circuito.

Sim, um chinês.

Quando não rola uma mamata qualquer na pista, é pra lá que todo mundo vai. E isso inclui os pilotos.

O “Peking Duck” é sensacional. E o atendimento, idem.

Se alguém um dia estiver no pedaço e passar por lá, diga um oi para a Mok, filha dos donos e que tem uma memória prodigiosa. A gente ia três vezes por ano lá e ela lembrava não apenas o nome de todos, como os nomes dos filhos e esposas que nunca tinham pisado no restaurante.

Fucei no Google Streetview e achei. Fica na Watling Street e agora tem até site.

 
Acredite: fervorosos debates, talvez os mais quentes e importantes da história da imprensa automobilística brasileira, foram travados nas mesas deste local. Normalmente depois das 2h da matina, claro. Pena que ninguém lembrava de nada no dia seguinte.

Pensando bem, devia ter algo naqueles patos…

(Ah, ok, lembrei de outra coisa bacana de Silverstone: as barracas montadas nos gramados do circuito com memorabilia, livros e DVDs de corridas.)

Mas vamos à programação do GP da Inglaterra, no horário de Brasília.

sexta
6h-7h30: 1º treino livre
10h-11h30: 2º treino livre

sábado
6h-7h: 3º treino livre
9h: treino classificatório

domingo
9h: GP da Inglaterra, 52 voltas

Os horários são de Brasília.

sexta-feira
11h-12h30: 1º treino livre
15h-16h30: 2º treino livre

sábado
11h-12h: 3º treino livre
14h: treino classificatório 

domingo
15h: GP do Canadá, 70 voltas

Um circuito que, por critérios puramente técnicos, não deveria receber a F-1 há um bom tempo. Mas ainda bem que há outros critérios: história, tradição e, claro, o charme.

Problema seria se 20 etapas acontecessem em pistas como Mônaco. Uma por ano está de bom tamanho, traz um ar especial para o campeonato, é bacana.

E já que falei em charme, é bom deixar claro que esse é um conceito  que passa longe do trabalho dos jornalistas no principado.

Primeiro porque é o circuito mais complicado para trabalhar. O paddock é improvisado no porto, o acesso aos boxes é difícil, as ruas são constantemente fechadas… Houve um ano em que Flavio Gomes e eu fomos a um evento do outro lado da pista e, para retornar aos boxes, tivemos de recorrer a um “táxi-barco”. Quase que morreu ali todo o orçamento da viagem.

Aí que está o segundo ponto complicado. Grana. Por motivos óbvios, jornalistas ficamos alijados de nos hospedar em Mônaco. A saída é recorrer a hotéis de cidades próximas, como Nice e Menton. Há até quem fique na Itália, em Ventimiglia. Como o trânsito é insuportável, a melhor opção é se virar com o trem mesmo, junto dos torcedores.

A viagem é curta. De Menton a Mônaco, são 12 minutos. Ou “dodici minuti”, como dizia um amigo do já mencionado minirepórter.

Acredite: é mais charmoso ver pela TV do que trabalhando por lá.

Mas vamos à programação da sexta etapa do Mundial, no horário de Brasília:

quinta
5h-6h30: 1º treino livre
9h-10h30: 2º treino livre

sábado
6h-7h: 3º treino livre
9h: treino classificatório 

domingo
9h: GP de Mônaco, 78 voltas

Barcelona sempre foi minha corrida favorita. Não pela pista, admito, mas pela cidade. É a minha preferida em todo o mundo. Um lugar alto astral, com arquitetura belíssima, cultura pujante, ótima comida, ótimos bares.

Ainda preciso dar um jeito de ir morar no Barrio Gotico…

Mas, talvez até por conta dos bares, não tenho muitas lembranças marcantes de lá.

Uma corrida de que lembro foi a de 2005.

O circuito de Montmeló fica a cerca de 30 km de Barcelona, onde ficávamos hospedados. E sempre foi muito tranquilo chegar até lá. As corridas de moto monopolizavam a paixão do torcedores espanhóis vidrados em esporte a motor. Ninguém dava muita bola para F-1.

Até 2005.

Naquele ano, tudo mudou. Quarto colocado no Mundial anterior, Alonso chegou àquela corrida na liderança do campeonato _título que acabaria conquistando meses depois.

Eu estava com o Flavio Gomes, então parceiro de Rádio Bandeirantes. Saímos de Barcelona no horário de sempre. Mas o que pegamos pela frente foi inédito: um baita congestionamento. Tudo travado. Um horror.

O problema é que tínhamos horário. Precisávamos chegar ao autódromo pelo menos uma hora antes da largada, para a abertura da transmissão. O tempo corria, mas o trânsito não andava.

Bom… Algumas barbaridades no trânsito depois, conseguimos chegar à pista. E lembro do nosso alívio ao ligar o equipamento da rádio e conectar com São Paulo: naquele 8 de maio, isso aconteceu 1 minuto antes da abertura da transmissão. Foi heróico.

Enfim, vamos à programação do próximo final de semana, no horário de Brasília:

sexta
5h-6h30: 1º treino livre
9h-10h30: 2º treino livre

sábado
6h-7h: 3º treino livre
9h: treino classificatório 

domingo
9h: GP da Espanha, 66 voltas

Estive lá nas três primeiras edições da corrida e lembro de ter escrito aqui sobre as mudanças no país. Mudanças drásticas, rápidas. Onde não tinha nada, no ano seguinte já havia conjuntos de arranha-céus. A força da grana…

Complicado era arrumar hospedagem. Ainda havia poucos hotéis, e as equipe da F-1 ocupavam todos os quartos.

Em 2004, sei lá como, alugamos um apê. Em 2005, descolei um hotel mequetrefe. Tão mequetrefe que tinha um andar “secreto” _só acessível por escada_ onde funcionava um inferninho.

Daí que algum funcionário da recepção passou para as moças os números dos quartos onde havia hóspedes “gringos”. E o telefone não parava de tocar, madrugada adentro.

“Do you want a lady?”

“No, thanks.”

Passavam 5 minutos e tocava de novo. Outra voz.

“Do you want a lady?”

“No, I already told your friend. Please, I’m trying to sleep, I have to wake up early tomorrow.”

Não, eu não podia tirar o telefone do gancho nem arremessá-lo na parede, como era minha vontade.

Estava sem celular por lá, e aquele seria o número em que o jornal ou a rádio ligariam se houvesse algum problema ou dúvida com minhas matérias.

Não falhava. Era eu começar a pegar no sono e o telefone tocava.

“Do you want a lady?”

Uma hora eu não aguentei.

“NO, NO, NO! I DON’T WANT ANY LADY! I’M GAY, DO YOU UNDERSTAND? I’M GAY! GAY! I LIKE MEN!”

Bom, pelo menos funcionou…

Segue a programação da quarta etapa do Mundial, no horário de Brasília:

sexta
4h-5h30: 1º treino livre
8h-9h30: 2º treino livre

sábado
5h-6h: 3º treino livre
8h: treino classificatório 

domingo
9h: GP do Bahrein, 57 voltas

O primeiro ano na China, 2004, foi divertido.

A organização indicou aos jornalistas um hotel próximo do autódromo. E logo descobrimos que, num país do tamanho da China, “próximo” é conceito bem relativo.

Era longe pra chuchu. E, para ajudar, os motoristas das van para a imprensa conheciam o caminho tanto quanto eu ou você ou nossas mães.

Resultado: levávamos horas para chegar.

Quando chegávamos, vinha outro show. E aí não é estereótipo, é realidade: hordas de vendedores de quinquilarias, óculos “Ray-Ban”, relógios “Rolex” e quetais cercavam os jornalistas tentando empurrar alguma coisa. E, claro, muita gente comprava. Uma festa.

Na hora de ir embora, todos cansados de andar quilômetros naquele paddock megalomaníaco, era a mesma coisa: um tempão para chegar no hotel. Com o agravante de correr o risco de não achar nenhum restaurante aberto para jantar.

(A busca por um restaurante até rendeu um caso divertido, mas isso eu conto no ano que vem.)

Segue a programação da terceira etapa do Mundial, no horário de Brasília:

quinta
23h-0h30: 1º treino livre

sexta
3h-4h30: 2º treino livre

sábado
0h-1h: 3º treino livre
3h: treino classificatório 

domingo
4h: GP da China, 56 voltas

E sempre que me perguntam por que deixei de viajar para as corridas, eu respondo: “Já fui oito vezes para a Malásia. Ninguém merece isso”.

Nada contra o país, que fique claro. Kuala Lumpur é bem bacana, e foi curioso acompanhar o “boom” do país desde 1999, quando a F-1 pisou pela primeira vez por lá.

Mas é o lugar mais longe do mundo para quem sai do Brasil. As conexões são intermináveis, cada esticada é um tormento.

Chega um momento, no voo, que você não sabe se pede suco de laranja ou vinho para acompanhar a comida. Afinal, não tem ideia se o que estão te servindo é o café da manhã ou o jantar.

E o calor? Quando a porta do avião é aberta, as lentes dos óculos embaçam instantaneamente com o bafo quente que entra. Não falha.

Mas minha lembrança mais bizarra de Kuala Lumpur diz respeito à bossa nova. Sim, você leu certo.

Certa vez, fui parar num enorme prédio da capital malaia. Um complexo que lembra o Pentágono. É lá que estão todas (ou quase todas) as emissoras de rádio e TV do país. Uma é vizinha da outra, cada portinha leva a um canal diferente.

Estava esperando um amigo para irmos jantar e comecei a bater papo com um outro cara, que trabalhava na emissora ao lado. Este cara, vejam o non-sense da coisa, apresentava um programa sobre música latina (!!) numa rádio malaia (??). E perguntou se eu poderia participar.

Eu não estava fazendo nada mesmo. Coloquei minha cara-de-pau e topei. E foi aí que me vi, por uma hora no ar, escutando e explicando João Gilberto, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e quetais, em inglês, para os nobres ouvintes daquela rádio malaia…

Pobre ouvintes.

Saí de lá dando risada, e o amigo que me esperava do lado de fora não entendia nada.

Preciso lembrar de acrescentar isso ao meu CV.

Bom, mas vamos à programação do GP deste fim de semana, no horário de Brasília:

quinta-feira
23h: 1º treino livre

sexta-feira
3h: 2º treino livre

sábado
2h: 3º treino livre
5h: Treino classificatório

domingo
5h: GP da Malásia, 56 voltas

Chegou a hora! Tem GP da Austrália neste final de semana, tem carro na pista já na noite de quinta-feira.

Melboune, acho que já disse aqui, é dos lugares mais bacanas para acompanhar F-1. A cidade vive a corrida. Há eventos por todos os lugares. Na pista, há várias e várias provas de várias e várias categorias antes e depois da atração principal.

Há uma vibração constante no ar.

Há também, todos os anos, uma manifestação simpática. Na entrada do circuito, meia dúzia de moradores do Albert Park montam uma tenda e colhem assinaturas contra a corrida. São ativistas do meio-ambiente, que têm todo o direito de estarem ali e buscarem seus direitos.

Vira-e-mexe, alguém da F-1 os critica. Coulthard, no mês passado, chamou-os de egoístas e pobres de espírito, por não entenderem as vantagens que a corrida leva para a Austrália.

O que ele tem a ver com isso? Deixe-os lá. Cada um no seu direito. Os manifestantes se manifestam, a F-1 corre. Pronto

Certa vez, Flavio Gomes e eu nos unimos a eles. Gritamos algumas palavras de ordem e pronto. Pegamos nossas mochilas e fomos pro paddock trabalhar.

As pessoas precisam aprender a levar a vida menos a sério…

Bom, chega de papo. Segue a programação da prova de abertura do Mundial, no horário de Brasília:

quinta
22h30-0h: 1º treino livre

sexta
2h30-4h: 2º treino livre

sábado
0h-1h: 3º treino livre
3h: treino classificatório 

domingo
3h: GP da Austrália, 58 voltas